O legado deixado por Éder Jofre, grande ícone do esporte brasileiro que conquistou dois títulos mundiais em categorias diferentes e foi reconhecido como uma estrela internacional do esporte, faleceu em outubro do ano passado aos 86 anos, está agora ajudando a ciência a avançar em seus estudos sobre uma doença pouco conhecida.
Atendendo a um pedido do ex-boxeador, sua família decidiu doar seu cérebro para pesquisas, e os cientistas da USP descobriram recentemente algo que pode ajudar muitas pessoas: a hipótese diagnóstica de Éder foi confirmada nas análises, revelando que ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica.
De acordo com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, são necessários mais estudos para entender melhor o funcionamento da doença.
“Ainda se tem pouco material sobre a encefalopatia traumática crônica, o que se sabe é que ela pode estar relacionada a alguns tipos de esportes ou pancadas na cabeça, ela ocorre quando o cérebro é chacoalhado na caixa craniana durante choques na cabeça, o que leva à ruptura de neurônios e deixa uma espécie de ‘rastro’ composto pela proteína Tau, que se acumula ao longo dos anos em regiões específicas do cérebro, criando pontos mais escuros que foram identificados na análise microscópica do cérebro de Éder”.
“Estudos do tipo são fundamentais para entender melhor a doença e avançar no desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico, prevenção e tratamento para a condição, além de esclarecer melhor a sua relação com concussões em esportes” Afirma Dr. Fabiano de Abreu.
O que é a Encefalopatia Traumática Crônica?
A encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma doença degenerativa progressiva do cérebro que pode ser causada por lesões traumáticas repetitivas na cabeça ou por lesões por explosões.
A doença é caracterizada por sintomas como perturbação do humor, anomalias comportamentais, comprometimento cognitivo e anormalidades motoras, que podem se desenvolver em diferentes idades.
O diagnóstico clínico da ETC é baseado em critérios que incluem a história de traumatismo craniano, sinais e sintomas consistentes com a doença e a ausência de uma explicação mais provável para os resultados clínicos.
Atualmente, não há nenhum biomarcador objetivo e validado para identificação da ETC e o diagnóstico definitivo só pode ser feito por meio de exame neuropatológico durante a autópsia, também não há um tratamento específico para a ETC.