Afasia é um problema sério no Brasil, mas ainda pouco conhecida

A afasia é um problema grave, mas que muitos não conhecem

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Afasia o que E

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A afasia é um distúrbio de linguagem que afeta diversas habilidades essenciais para a comunicação e qualidade de vida, como leitura, escrita, compreensão e expressão, podendo se manifestar em diversas fases da vida, como meia-idade, pessoas mais velhas e até em crianças, geralmente ocorre repentinamente, muitas vezes após um acidente vascular cerebral ou traumatismo craniano, mas também pode se desenvolver lentamente, como resultado de um tumor cerebral ou de uma doença neurológica progressiva..

A causa mais comum de afasia é o dano cerebral resultante de um acidente vascular cerebral – o bloqueio ou ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, mas também pode advir de tumores cerebrais ou concussão, a perda de sangue no local leva à morte das células cerebrais ou a danos em áreas que controlam a linguagem. A afasia pode ocorrer concomitantemente com distúrbios da fala, como disartria ou apraxia da fala, que também resultam de danos cerebrais.

Existe também a  Afasia Progressiva Primária (APP), uma síndrome neurológica na qual as capacidades de linguagem tornam-se lenta e progressivamente prejudicadas. Ao contrário de outras formas de afasia resultantes de acidente vascular cerebral ou lesão cerebral, a APP é causada por doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer ou a degeneração lobar frontotemporal.

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De acordo com um estudo de 2021 promovido pelo Ministério da Saúde aponta que o SUS realizou mais de quatro mil procedimentos ambulatoriais e 27 hospitalares por queixas relacionadas à afasia, já outro estudo, publicado na revista ScienceOpen, apenas no hospital analisado, 42,8% dos pacientes idosos apresentavam quadros afásicos.

Outro dado recente de um estudo realizado pela Sapien Labs e publicado pelo The Guardian, o Brasil, em um ranking que media a saúde mental em jovens adultos de 64 países, ficou na 3º posição, perdendo apenas para o Reino Unido e a África do Sul, o que, dentre outros fatores, pode demonstrar parte do reflexo da afasia, pois ela pode ser um fator importante para o surgimento de depressão e isolamento social.

A relação do Brasil para o número de casos está ligada com os hábitos provenientes da cultura e o excesso de ansiedade. Eu venho falando sobre isso há muitos anos, principalmente sobre o excesso de uso de redes sociais e a educação dada pelos pais, uma parte da sociedade está formatando uma cultura que irá prejudicar ainda mais a saúde mental da população. Hábitos também alimentares, sedentarismo, falta de estudo, a forma como são produzidos os alimentos no Brasil, entre outros, são muitos fatores que contribuem para essa situação.

Conseguir identificar os sintomas para buscar ajuda médica o mais rápido possível é fundamental para conseguir contornar mais assertivamente seus sintomas e a sua progressão, pois o tratamento, apesar de não recuperar totalmente as habilidades do indivíduo, pode melhorar bastante a sua qualidade de vida.

O tratamento de afasia consiste no tratamento da causa, no caso de tumores, AVC ou concussão, além de acompanhamento com fonoaudiólogo, que ajuda a melhorar a fala mesmo em casos mais tardios.

Mas apesar da gravidade da doença e dos números que indicam a quantidade de casos no Brasil, ela ainda é pouco conhecida, recentemente, o diagnóstico inicial do ator Bruce Willis como afasia ajudou a difundir mais informações sobre ela, o que ainda não foi o suficiente para conscientizar adequadamente a população sobre a afasia.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.