Caso Jeffrey Dahmer: Por que o diagnóstico original do serial killer era impreciso?

Fonte: A pressão popular diante do caso foi um fator crucial para que Dahmer tenha ido à prisão e não a um manicômio judicial

Jeffrey Dahmer

Jeffrey Dahmer

Jeffrey Dahmer é um dos serial killers mais conhecidos do mundo, seu nome ficou marcado pela brutalidade com a qual ele cometia seus assassinatos, associando-os a práticas de abuso sexual, canibalismo, necrofilia e conservação dos corpos das vítimas.

No entanto, durante o processo de julgamento que acabou resultando na condenação de Dahmer a 17 penas de prisão perpétua, ele recebeu o diagnóstico médico de personalidade esquizotípica ou transtorno psicótico, mas essa conclusão está incompleta diante das características apresentadas por ele.

Em um novo estudo liderado por mim, juntamente com o médico psiquiatra Dr. Francis Moreira e mais dez profissionais que incluíram neurologistas, psiquiatras, psicólogos e neurocientistas, chamado “Jeffrey Dahmer: Multifatoriedade à luz da neurociência”, realizamos uma análise técnica do serial killer baseando-se na análise das perícias forenses originais do caso, documentários, entrevistas, estudos publicados, entre outros materiais para chegar a um comum acordo sobre o diagnóstico.

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Foi chegado à conclusão que existiram diversos fatores fundamentais para o estado mental de Dahmer, como o uso abusivo de substâncias psicoativas pela sua mãe ainda durante a gestação, comportamento sexual compulsivo, traumas de infância, traços de psicopatia e transtornos de personalidade, sendo assim, é necessário analisá-lo por uma ótica multifatorial.

O diagnóstico original de Dahmer estavam equivocados e incompletos, englobando apenas alguns aspectos da gama de fatores que contribuíram para o seu comportamento.

O serial killer possuía diversos transtornos que, somados ao abuso de álcool devido à não aceitação da sua homosexualidade, traumas de infância e disfunções familiares, fatores genéticos e culturais, também exerceram um importante papel para culminar nos assassinatos.

Sendo assim, percebe-se que o desejo popular por justiça diante das atrocidades cometidas, contribuiu para que Dahmer recebesse as condenações para a prisão e não a um manicômio judiciário, baseando-se em um diagnóstico bastante raso diante da profundidade da situação.

 

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.