A cidade de Iguape, na região do Vale do Ribeira, no litoral sul de São Paulo, foi epicentro de um abalo sísmico de magnitude de 4.0 na escala Richter, na manhã desta sexta-feira (16). Especialistas ouvidos analisam o tremor incomum na região e apontam riscos.
Os terremotos são movimentações naturais das placas tectônicas que ocorrem devido às pressões internas no interior do planeta. O Brasil está localizado no centro da placa tectônica Sul-Americana e longe das zonas de convergências, o que diminui bastante a probabilidade de grandes abalos sísmicos, segundo o engenheiro civil especialista em geotecnia Denis Suzuki.
O especialista explica que a movimentação entre placas é um fenômeno muito comum e frequente, mas ocorre em proporções, na maioria das vezes, imperceptíveis, que não podem ser sentidas na superfície e que são detectáveis somente por sismógrafos.
Os abalos podem ser sentidos quando superam a magnitude 3,0 da escala Richter, como o ocorrido em São Paulo. Cidades em um raio de 100 km, como Juquiá, Itariri, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e Miracatu, foram afetadas.
O professor Eduardo Britto, mestre em geografia pela Unesp e pela UFMS, afirma que episódios de terremotos não são preocupantes no Brasil. “Como no país são casos muito esporádicos, qualquer situação gera curiosidade. No entanto, a posição do Brasil exclui a possibilidade de riscos avassaladores”, diz.
O Brasil não está localizado em uma região de choque entre placas tectônicas. Segundo o professor, o que ocasiona tremores no país está relacionado a resquícios do efeito de abalos sísmicos de outras placas próximas, como o episódio sentido no Acre, em 2019, de magnitude 6,8.
O especialista em geotecnia constata que esse fenômeno também pode estar relacionado a falhas no interior da placa. “A pressão interna da terra cria fissuras na placa tectônica que podem chegar à superfície e, consequentemente, ocasionar tremores”, diz.
O tremor com epicentro em Iguape não foi o único já sentido em São Paulo. Em 2008, um terremoto de magnitude 5,2 foi sentido na maior metrópole do Brasil e nos estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
No entanto, Denis reforça que terremotos frequentes e de magnitudes estrondosas não são esperados no país.
Em caso de ocorrência de um terremoto, o engenheiro civil diz que o importante é manter a calma e buscar um local seguro, e dá dicas do que fazer em cada caso.
Dentro de casa:
Não corra para fora, procure se abrigar abaixo de uma estrutura ou de um móvel sólido e resistente, como a estrutura de uma porta ou sob uma mesa, cobrindo a cabeça e segurando em um ponto fixo.
Dentro do carro:
Permaneça dentro do veículo e procure colocá-lo em uma área aberta e segura, longe de estruturas e áreas de deslizamento.
Na rua:
Procure áreas abertas, longe de qualquer estrutura que possa cair e atingi-lo.
