Falta de produtos e até ‘fiscal’ de papel higiênico: mato-grossenses relatam como encaram coronavírus pelo mundo

Fonte: OLHAR DIRETO

1 266

Diante da pandemia de coronavírus, o estado de pânico tem se instalado pelo mundo. O Covid-19 já provocou a morte de mais de 5 mil pessoas desde o seu surgimento, em dezembro do ano passado. Mais de 134 pessoas foram contaminadas em 121 países. Fora do local de origem, mato-grossenses contam o que estão enfrentando em outros países. Há relatos de falta de alimentos, produtos de higiene e até o fechamento da fronteira.

Coronavírus é uma família de vírus que causa infecções respiratórias. O novo agente do foi descoberto após casos registrados na China. De acordo com o Ministério da Saúde, as investigações sobre as formas de transmissão ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por gotículas respiratórias ou contato, está ocorrendo. Os coronavírus apresentam uma transmissão menos intensa que o vírus da gripe.

Polônia

Natural de Guiratinga (a 330 km de Cuiabá) e formada em Direito, Laís Carvalho Novaes trabalha em uma multinacional Suíça, na Polônia, cuja fronteira se encontra fechada pelos próximos 15 dias. Lá, foram registradas 68 contaminações e uma morte.

[Continua depois da Publicidade]

“Até essa semana as coisas estavam tranquilas, ainda estava indo para o escritório e para a aula. Mas essa semana foi confirmada a primeira morte e aí começou o desespero. Todos os eventos foram cancelados, crianças não podem ir para as escolas. Museus, faculdades, tudo fechado”, relatou ela, que morou em Cuiabá por cinco anos.

“Mas hoje foi o ponto alvo da história que mudou tudo. Todos os poloneses que entrarem serão automaticamente enviados para a quarentena e para os turistas está proibido totalmente”, afirma.

“Todos os mercados já estão faltando alimentos, não conseguimos comprar pão, papel higiênico, e outras coisas. Ninguém está saindo de casa, as ruas estão vazias. E hoje já trouxe as coisas para começar a trabalhar de casa na próxima semana. Meu namorado foi no mercado e tinha um segurança para ficar olhando quantos papéis higiênicos ele iria pegar”, relata.

Inglaterra

A psicóloga Vitória Magalhães Machado mora há uma hora de Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido, na região de Surrey, condado situado no sudeste, onde há dez casos confirmados de Covid-19. “Fiquei sabendo também que os casos na Inglaterra hoje aumentaram em mais de 300”, relata.

Mestranda, ela mora dentro da universidade e recebeu recomendações, assim como os demais alunos, para que não viagem no próximo feriado. “Eu fico assustada quando eu vejo muita gente de máscara. As recomendações que eu recebo são principalmente da faculdade pedindo pra gente não marcar viagem nos feriados que estão por vir”, afirma. “Mas até agora as autoridades não falaram nada se vão fechar os órgãos e se vai ter quarentena”.

“Ontem eu fui ao mercado comprar coisas que faltam e o que acabou foi macarrão, feijão em lata que eles comem muito também. Tirando isso, álcool em gel não acha em lugar nenhum. Eu uso porque na faculdade tem de graça em todo lugar. Comprar é impossível. Máscara e sabonete antibacteriano também não tem”, conta. O estado de pânico tem se instalado na região. “Qualquer espirro, fungada ou tosse as pessoas já te olham surtadas”, diz.

Alemanha

A jornalista Paula Ruhling mora na cidade de Bonn, no estado de Nordrhein-Westfalen, o maior da Alemanha, e com mais registros de coronavírus. Até às 15h de sexta-feira (13) já haviam 936 casos confirmados.

“O que eu tenho observado é que a maioria das pessoas estão tentando levar a vida normal. O decreto para fechar as escolas saiu. Escolas e universidades a partir de segunda-feira estão fechadas, mas desde o começo da semana eventos com mais de mil pessoas devem ser cancelados”, relata a jornalista que está há um ano e dez meses fazendo mestrado na Alemanha.

[Continua depois da Publicidade]

“Antes desse decreto só tinha uma escola fechada porque tinham detectado um caso lá. Mas até onde sei, as empresas estão funcionando normal. Algumas sei que têm tentado adotar o sistema de home Office. Pode ser que elas fechem se casos forem identificados dentro da empresa”, acrescenta.

Paula chegou em Bonn na segunda-feira (9), pois estava na Inglaterra, também afetado pela pandemia. “Eu estava na Inglaterra, onde tem bem menos casos que aqui. Vi mais gente de máscara lá do que aqui, porém as pessoas que vi são asiáticas. As duas pessoas que vi aqui também tinham aparência asiática, sei que eles têm essa cultura de usar máscara mesmo”, recorda.

Nos supermercados alguns produtos já estão em falta. “Fui no mercado para comprar leite e ovo, reparei que na hora que entrei já estava faltando muita coisa. A maioria era no setor de legumes, frutas, muitos pães tinham acabado. As pizzas mais baratas já tinham acabado e frango. Só tinham as carnes mais caras. Tinha carne de peru, que comem muito aqui, e carne de porco. Não tem também papel higiênico”, afirma. “Nas drogarias não tem álcool em gel, lenço desinfetante e máscaras”.

A jornalista afirma que irá tentar manter sua rotina de caminhadas e que o vírus não lhe assusta por não estar em grupo de risco (pessoas com doenças preexistentes, crianças e idosos). Entretanto, asseverou que não está minimizando o Covid-19.

“A doença não me assusta, estou fora do grupo de risco. Se eu pegasse a doença teria grandes chances de me curar. Ficar em quarentena em casa também não vejo problema. O problema seria se o caso fosse crítico e eu tivesse que ir para o hospital. Porém aqui até onde vejo, os hospitais não estão com superlotação, 80% dos leitos estão ocupados até agora”, explica.

“Claro que os casos estão crescendo e isso vai piorar. O que me assusta mesmo é o comportamento das pessoas, esse pânico geral instalado e a falta de pensar no outro, fazer estoque de produtos que talvez nem vá usar. Acho que não tem necessidade disso, comprar mais coisas é realmente para quem está doente”, finaliza.