Brasil está em alerta contra a Influenza Aviária

Até abril, o período é crítico para a disseminação do vírus. Doença viral altamente contagiosa pode afetar a produção e exportação de produtos avícolas

Fonte: ClimaTempo

FRANGO
Divulgação/Agência Brasil

Mesmo com as diversas ações previstas no Plano de Vigilância de Influenza Aviária os auditores fiscais federais agropecuários (Affas) já atuam para prevenir o ingresso da doença na avicultura e também para o pior cenário, que seria o ingresso da doença em criações comerciais.

“Todos os Affas que atuam nessa área, e também os médicos veterinários dos órgãos estaduais, estão preparados e de prontidão para atender de forma imediata as notificações de suspeitas e os casos confirmados que possam vir a ocorrer, caso a IAAP seja detectada no Brasil”, antecipa Ronaldo Teixeira, coordenador-geral de Planejamento e Avaliação Zoossanitária do Departamento de Saúde Animal (DSA), da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo o coordenador-geral, já foram realizadas capacitações de Affas e dos técnicos dos órgãos estaduais e também o reforço na preparação desses profissionais com equipamentos de proteção individual (EPI) e materiais para coletas de amostras nas granjas, pequenas criações e em aves silvestres, que são mais difíceis de se adquirir quando a doença está disseminada em vários países. Antecipou ainda que o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA/MAPA), de Campinas-SP, especializado em análises para doenças de aves, já está com capacidade de atendimento reforçada para atuar no pior cenário, ou seja, o de emergência zoossanitária. Os outros LFDAs, estão sendo preparados, caso haja necessidade de se expandir os diagnósticos.

Nível de alerta

O Departamento de Saúde Animal revisou o Plano de Vigilância de Influenza Aviária e doença de Newcastle, que integra o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), e iniciou sua execução em todo o país em julho de 2022, já contando com um risco aumentado da influenza aviária no mundo. Desde o início de novembro o nível de alerta está elevado, pois é o início do período de migração das aves do hemisfério Norte para a América do Sul. O Plano prevê ações de vigilância passiva e ativa direto nas granjas e pequenas criações de aves e a reformulação visou maior eficiência, direcionando as ações para áreas de maior risco de contatos de aves migratórias com as aves domésticas, contando com a colaboração do ICMBio.

Com o aumento e melhoria dos mecanismos de vigilância e comunicação de risco sobre a doença, Ronaldo informa que é esperado haver aumento de notificações de suspeitas.

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“Já estamos recebendo mais notificações que rotineiramente, tanto do sistema de produção industrial quanto da avicultura de subsistência e de aves silvestres. Isso demonstra que a sociedade está sensibilizada e atenta às ocorrências de doenças e que as ações de comunicação estão funcionando. Mas, felizmente, ainda não temos nenhum caso confirmado da doença, nem em aves domésticas e nem em aves silvestres”, assegura.

O período de novembro a abril é o mais crítico para a disseminação do vírus no Brasil, segundo Ronaldo, porque as aves migratórias vêm para a América do Sul fugindo do inverno rigoroso do Norte e buscando condições ideais para alimentação e reprodução.

Muitas aves migratórias são resistentes e portadoras do vírus e geralmente não morrem, mas podem disseminar a outras aves, tanto as silvestres quanto as domésticas, o que constitui forte ameaça à avicultura comercial e à preservação das aves da nossa fauna silvestre. Foi o que ocorreu recentemente na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Chile.

“Não há como evitar a migração das aves e já está provado que não é viável e nem eficaz interferir no meio ambiente, então temos é que intensificar as medidas preventivas, reforçando a biosseguridade das granjas e pequenas criações, para evitar as possibilidades de contatos diretos ou indiretos com aves silvestres, e também a vigilância, para a detecção precoce, permitindo a rápida contenção da doença e evitando grandes impactos sociais, econômicos e ambientais”, informa.

“Já foram coletadas mais de 35 mil amostras no plano de vigilância ativa e a vigilância passiva está reforçada, na qual recebemos as notificações sobre a doença e vamos até o local investigar”, explica o coordenador-geral e reforça: “é assim que detectamos precocemente o ingresso da doença, caso ela ocorra”.

Os Affas do Departamento de Saúde Animal é que fazem a gestão dos programas de saúde animal, do sistema de informações epidemiológicas e planos de vigilância e do sistema de gestão de emergências zoossanitárias.

“Todo esse sistema atuando de forma conjunta, colaborativa e coordenada é que garante a proteção e a valorização do patrimônio pecuário brasileiro para atendermos às exigências sanitárias dos mais de 150 países importadores”, esclarece Ronaldo.

No último ano, a Influenza Aviária eliminou mais de 51 milhões de aves nos Estados Unidos e mais de 50 milhões na Europa.

“Fazemos reuniões semanais com o setor privado e fiscalizações para monitorar as ações e a biosseguridade nas granjas comerciais, para fortalecer a prevenção das doenças”, informa.

Desafios

Todo esse esforço mira também evitar graves impactos econômicos na produção e exportação de carne de aves no país, pelas altas mortalidades causadas pela doença e restrições comerciais previstas na certificação sanitária internacional.

“A ocorrência de IAAP em produções avícolas comerciais podem gerar muitas restrições no mercado de exportação de produtos e material genético avícola”, esclarece Ronaldo, de acordo com as regras da Organização Mundial de Saúde Animal – OMSA.

De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado pelo Sindicato dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), para o cenário que considera a ocorrência de surto de gripe aviária no Brasil haveria perda direta anual de R$ 7,3 bilhões em exportações do agronegócio, o que, por sua vez, ocasionaria perda adicional (indireta) de R$ 6,1 bilhões em outros setores da economia, totalizando R 13,5 bilhões em perdas (diretas + indiretas). Os impactos diretos se dão sobre os setores que compõem o agronegócio e os indiretos sobre os demais setores da economia.

Riscos

Com o estado de atenção da Influenza Aviária no Brasil, doença de notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o Mapa, por meio do DSA, está coordenando as ações para prevenção e erradicação de doenças. O coordenador-geral esclarece que a ocorrência da Influenza Aviária em aves silvestres ou em aves de fundo de quintal (criadas para a subsistência) não compromete o status sanitário do Brasil em relação à doença, ou seja, não afeta as exportações, porque não tem relação com o sistema de produção industrial. No entanto, se ocorrerem focos no sistema de criação comercial poderão haver impactos graves nas exportações.

Entenda o que é Influenza Aviária

A Influenza Aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias espécies de aves domésticas e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos, assim como o homem. O risco de contágio humano pelo vírus não é alto e ocorre especialmente com a exposição direta a aves domésticas ou silvestres infectadas, visto que estas atuam como hospedeiras e são decisivas na manutenção e disseminação desses vírus. Esses tipos de aves geralmente contraem a doença, mas não manifestam, o que facilita o transporte do vírus por longas distâncias nas rotas de migração.

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