Mato Grosso continua líder em ocorrências de conflitos por terra no Centro-Oeste, mostra relatório da CPT

O estado é o mais violento da região. Destaca-se o aumento da violência sobre os territórios indígenas e dos assentamentos. Mais de 13 mil famílias estiveram envolvidas em situações de conflitos no campo em 2021.

Fonte: REDAÇÃO

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Nesta terça-feira, dia 23 de agosto, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) Regional Mato Grosso lançará a publicação anual, Conflitos no Campo Brasil 2021. É a 36ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.

O lançamento ocorrerá a partir das 09 horas (horário de Cuiabá), na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) Regional Oeste 2, em Cuiabá. A atividade compõe e abre a 2º Semana de Resistência Camponesa do Mato Grosso, realizada entre os dias 22 e 26 de agosto de 2022 na capital do estado.

O lançamento será transmitido pelas páginas no Facebook da CPT Nacional, Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT-MT) e Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad).

Violência contra a pessoa

De acordo com o Centro de Documentação da CPT – Dom Tomás Balduino (Cedoc-CPT), foram registradas, em 2021, 108 ocorrências de conflito no campo no Mato Grosso, envolvendo 13.030 famílias. Dentre esses conflitos, 240 famílias foram expulsas por pistoleiros das terras onde viviam, e 150 foram despejadas pela Justiça. Já as ocorrências de conflitos por água foram de 19, com 2.264 famílias envolvidas. As ações de pistolagem foram de 605 no último ano.

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As pessoas que mais sofreram com os conflitos por terra em 2021 no estado foram os povos indígenas  (48 conflitos),  sem-terra  (11), e assentados (08). Já os principais causadores de conflitos foram os fazendeiros, responsáveis por 15 casos, seguidos por grileiros (11 conflitos), madeireiros (9 conflitos), e o governo federal  (7 conflitos).

Em meio a esses conflitos no campo, o sem-terra Sidinei Floriano da Silva, 33 anos, foi morto na Fazenda Jump Madeiras, no município de Cotriguaçu.

Elevação da violência contra os lares

A partir da análise dos dados de conflitos no campo em 2021, a CPT Regional Mato Grosso aponta que diminuiu a violência contra as pessoas, apesar dos números continuarem elevados, todavia aumentou a violência contra as ocupações e posses das famílias: “O que torna mais desumano em um período de alta inflação, desemprego e pandemia, pois foram inúmeros casos de destruição de moradias de famílias do campo, assim como bens domésticos. Também foram destruídas plantações nos roçados.”

A Pastoral observou ainda que houve ações de violência no campo em todas as regiões do Mato Grosso, com destaque para o norte e nordeste, onde mais de 50% de seus municípios tiveram casos de violências contra as pessoas ou às suas posses. Cresceu também os conflitos advindos de madeireiros e garimpeiros em relação a 2020: 200% para ambos.

Ranking

O Mato Grosso lidera, no Centro-Oeste, as seguintes categorias de violência contra a pessoa ou à posse: o número de ocorrências de conflitos no campo, o número de famílias envolvidas nos conflitos no campo, desmatamento ilegal, despejo judicial, contaminação por agrotóxicos, destruição de pertences, ações de pistolagem, invasão de territórios das comunidades e impedimento de acesso a áreas de uso coletivo das comunidades.

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