Na França, jovem que morou em Lucas do Rio Verde diz estar realizando um sonho

Wallison Sousa, o Fininho, fez um relato de seus primeiros dias na Europa. Ele venceu vários desafios para conhecer o ‘velho mundo’

Fonte: CenarioMT

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Pouco mais de seis meses se passaram desde que Wallisson Sousa conversou com a reportagem de CenárioMT sobre o sonho de estagiar na França. No mês passado, o estudante de agronomia  que morou em Lucas do Rio Verde começou a realizar o sonho. O jovem de 25 anos diz estar vivendo o sonho de conhecer o ‘velho mundo’.

“Graças a Deus. Graças ao apoio também de muitos, eu consegui realizar esse grande sonho. Está sendo perfeito. Está sendo melhor do que eu imaginei que seria. Eu estou amando muito. Cheguei aqui há poucas semanas e está tudo maravilhoso. Eu já realmente quero ficar aqui mais tempo. Quero aprender, quero absorver o quanto mais que eu puder”, disse.

Wallisson, também conhecido por Fininho, aproveitou para conhecer alguns pontos turísticos. Além dos locais históricos na França, ele também quer aproveitar o período para outros países, como Bélgica, Holanda. Diferente da América do Sul, em especial o Brasil, bastam algumas horas para se deslocar de um país a outro.

“O trajeto de uma hora passa por várias cidades. A Holanda é um lugar muito longe para eles, cerca de 5 horas de ônibus”, comentou.

Percalços

Para poder realizar o sonho, Fininho teve que superar vários obstáculos. A primeira parte ele contou em outubro do ano passado, quando tentava juntar dinheiro para a viagem. O rapaz teve apoio de várias pessoas. Porém, o valor não era suficiente, pois alguns gastos não esperados comprometeram as finanças. A mãe de Wallisson acabou repassando cerca de R$ 1 mil, montante que foi convertido em Euros. “Deu 134 euros. Foi o exatamente o valor que eu tinha pra vir pra cá, mas não foi tão simples assim pra conseguir esse dinheiro”, explicou.

Já em São Paulo, quando estava prestes a embarcar, Fininho teve problemas com o cartão de crédito, que foi bloqueado. Além disso, ele teve problemas porque o teste para Covid-19 feito em Brasília não foi aceito em São Paulo. Como o resultado não é imediato acabou perdendo o voo.

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Outro sufoco em São Paulo foi o roubo de sua carteira, com os cartões. Sem conseguir acessar sua conta, Fininho contou com apoio da companhia aérea com alimentação e repouso. “Eu não tinha nem um centavo. E não tinha como ninguém mandar porque eu estava sem aplicativo. Não consegui acessar aplicativo, nem a conta bancária e não tinha dinheiro em espécie”, relatou.

Finalmente o embarque

O voo para a Europa aconteceu no dia seguinte. Mas a conexão mudou. Inicialmente a viagem seria São Paulo/Catar/França. Porém, o jovem seguiu rumo ao seu sonho passando por Alemanha, Sérvia e Paris. Contudo, os contratempos voltaram a acontecer. “O último trecho, que era de Sérvia a Paris, como eu me atrasei no primeiro voo, eu perdi o segundo voo. Então eu não consegui embarcar”, disse. Uma nova passagem precisou ser comprada para só depois chegar ao destino, Beauvais. “Cheguei aqui na França com exatos cinco euros”, relatou, citando que na Sérvia acabou gastando parte dos 134 € com hotel, táxi e alimentação.

Depois de se instalar na faculdade, Fininho recebeu a bolsa, cujo valor permitiu passar os primeiros dias. A bolsa integral é de 1,100 €.

“De cara, na hora que eu cheguei, eu me assustei com a recepção. Eu moro em um prédio que tem pessoas do mundo inteiro. Então meu colega de quarto é da Indonésia. Na frente tem uma norte-americana, tem canadense, tem irlandês, tem libanês, tem holandês, tem pessoas do mundo inteiro. Taiwan, México, então eu consegui praticar vários idiomas aqui”, detalhou, citando que conversa em italiano, inglês, francês, espanhol, alemão e holandês, além de português. Porém, os estudantes brasileiros foram embora. “Então consegui falar sete idiomas. Então eu fiquei muito feliz, porque é uma imersão que eu nunca tive no Brasil”, descreve.

Sobre a faculdade, só elogio. “A faculdade é incrível, maravilhosa, o meu estágio é perfeito, as pessoas são muito educadas, muito gentis comigo. Quando eu tenho alguma dúvida eles são muito atenciosos em relação a me explicar tudo”, pontuou.

Gratidão

Wallisson agradeceu à todas as pessoas que auxiliaram nesse processo. Ele cita uma pessoa em especial, a coordenadora do setor de Internacionalização da UniLaSalle, Renata Teixeira Jacomelli. “Foi a grande responsável por ter me trazido pra cá. Ela não mediu esforços. Ficou comigo noites e noites acordada até 4, 5, 6 horas da manhã, enquanto eu ficava rodado nos aeroportos, tinha perdido voo e quando eu falava: Renata, eu não vou conseguir, ela sempre me acalmou. Então devo muito a ela”, reconheceu. “Hoje em dia eu estou realizando o maior sonho da minha vida. Eu estou muito feliz”.

Persistir

O fato de estar realizando o sonho, segundo Wallisson, é uma mostra da importância de persistir, até conseguir alcançar o objetivo. Ele recorda que o caminho não foi fácil, pois encontrou várias pessoas que compartilharam o sonho. Porém, ele também encontrou pessoas que tentaram desencorajá-lo de seguir adiante. “Mas, graças a Deus, não dei ouvido a elas”.

“Pela primeira vez eu consigo olhar pra trás e sentir orgulho de mim. Eu sempre sofri muito com a autoestima baixa, sofri porque eu sofria muito bullying na escola, na rua, eu chegava em casa eu chorava muito, até que eu consegui me fortalecer. O esporte me ajudou muito nessa questão de identidade”, revelou. “Eu me fiz de surdo, muitas vezes, pra conseguir o que eu consegui. E eu sei que é só o começo”.

Em princípio, o estágio de Fininho encerra em fevereiro. Porém, o estudante planeja estender a permanência na França. “Se eu conseguir um emprego na área ou outro estágio ou outro semestre eu consigo ficar”, revela. Outra possibilidade é atuar numa área que o jovem conhece muito: o voleibol. “Comecei eu comecei a jogar voleibol aqui já. Mas não é não é minha não é minha opção número um”, assume. Com essa trajetória de vida, não é de duvidar que o jovem consiga encontrar novas alternativas.

De Lucas para a Europa: depois de superar adversidades, Fininho sonha estagiar agronomia na França

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É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.