Neurocientista explica como a exposição à tecnologia tem causado ansiedade e prejudicado a funcionalidade cerebral

Fonte: Fabiano de Abreu

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Na busca por respostas rápidas e soluções imediatas, muitas vezes negligenciamos o estudo e esforço em metas de longo prazo, deixando objetivos importantes de lado. A modernidade trouxe consigo um turbilhão de distrações e a pressão por resultados instantâneos, comprometendo nossa capacidade de tomar decisões ponderadas. Especialistas alertam que essa ânsia por ganhos imediatos pode ser prejudicial, afetando diretamente a região do cérebro responsável pela tomada de decisões, o córtex pré-frontal orbitofrontal.

O pós PHD em neurociência, Fabiano de Abreu Agrela, enfatiza que o cérebro humano enfrenta novos desafios em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, “A constante exposição à tecnologia, apesar dos benefícios, tem causado ansiedade e prejudicado a funcionalidade do córtex pré-frontal orbitofrontal, fundamental para o planejamento e ações com consequências a longo prazo. É ainda mais notório quando falamos de impacto na juventude. Essa região do cérebro, especialmente desenvolvida em idade adulta, ainda está em formação em jovens, explicando muitos dos comportamentos impulsivos e decisões sem ponderação que observamos. Ou seja, eles tendem a sofrer ainda mais com as consequencias”, explica o especialista.

Fabiano ressalta a relação direta entre a explosão de informações nas redes e a diminuição da capacidade cerebral de focar e tomar decisões, “O bombardeio de estímulos impede que o cérebro se concentre adequadamente, levando a menor atividade na região frontal do órgão, e, a um processo de “atrofiamento””, alerta o profissional.

Ele explica que muitas vezes, as pessoas alegam falta de tempo como desculpa para evitar tarefas que demandam esforço cerebral, resultado da menor atividade do córtex pré-frontal e conexões frontotemporais prejudicadas, “Decisões e ações preventivas têm relação direta com a capacidade de recompensa e o desenvolvimento da região frontal do cérebro. Distúrbios ligados à ansiedade também impactam negativamente essa conexão. Além disso, certos transtornos mentais, como o narcisismo, o histrionismo e o borderline, podem prejudicar a prevenção e coerência nas ações, uma vez que a região frontal do cérebro se interrelaciona com a região temporal, responsável pelas emoções”, destaca Fabiano.

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O especialista ressalta que o desafio atual não é a falta de tempo, mas sim a organização desse tempo, “Vivemos em uma cultura de respostas imediatas, mas ações planejadas para o longo prazo trazem resultados mais satisfatórios e emocionalmente impactantes”, finaliza.

Esse assunto será abordado nas palestras e seminários do neurocientista durante o ano de 2023.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.