O Conselho Popular do Brics concluiu neste sábado (5), no Rio de Janeiro, sua primeira sessão especial com a definição de um caderno de recomendações destinado aos chefes de Estado do grupo. A reunião de cúpula será realizada nos dias 6 e 7 na mesma cidade.
Organizações sociais, sindicatos, ONGs e universidades participaram da elaboração de um documento de quase cem páginas. As propostas surgiram de sete grupos de trabalho dedicados a saúde, educação, cultura, finanças, tecnologia, meio ambiente e estrutura organizacional.
Entre as principais recomendações estão o uso ampliado de moedas nacionais no comércio entre os países do bloco, reformas na governança global para fortalecer a voz do Sul Global, acesso universal à saúde e combate às doenças infecciosas por meio da produção conjunta de vacinas. Também estão incluídas diretrizes éticas para o uso de inteligência artificial no setor cultural e a criação de um fundo climático com recursos voltados à mitigação e proteção ambiental.
De acordo com Emílio Mendonça Dias da Silva, pesquisador da USP e coordenador de um dos grupos de trabalho, todas as propostas têm relevância, mesmo que não sejam consideradas prioritárias. Ele destacou a atenção ao tema da segurança internacional, especialmente diante do aumento de conflitos globais, sem esquecer as demandas sociais.
Além da entrega formal do documento, o conselho terá a chance de discursar brevemente para os chefes de Estado no primeiro dia da cúpula. João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, apontou a necessidade de mobilização popular constante, afirmando que apenas protestos virtuais não bastam para pressionar os governos a adotar as medidas sugeridas.
O Conselho Popular do Brics foi criado durante a última cúpula do grupo em Kazan, na Rússia. Coube ao Brasil realizar este primeiro encontro formal, com planos para outro evento ainda este ano em Salvador, envolvendo delegados indicados por instituições dos países-membros. Atualmente, o Brics reúne 11 nações e busca intensificar a cooperação entre países em desenvolvimento, embora não funcione como um bloco formal com orçamento ou secretariado permanente.