Médico do Emílio Ribas alerta para internação de pacientes com Covid que tomaram a 1ª dose da vacina e não voltaram para a 2ª

Fonte: Marina Pinhoni, G1 SP

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O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste de São Paulo, tem observado um aumento no número de internações de pacientes com Covid-19 que já tomaram a primeira dose da vacina contra a doença, mas não retornaram para o reforço com a segunda dose.

A estimativa da Secretaria Estadual de Saúde é que mais de 500 mil pessoas deixaram de tomar segunda dose no estado de São Paulo.

De acordo com o médico infectologista Jamal Suleiman, os dados completos sobre as internações de quem só tomou a primeira dose ainda estão sendo compilados pelo hospital, que é referência no tratamento contra a Covid. No entanto, segundo Suleiman, já é possível observar que as pessoas estão relaxando nas medidas de proteção após tomarem a primeira dose.

“O QUE TEM ACONTECIDO É QUE AS PESSOAS COMEÇARAM A SE SENTIR SEGURAS TOMANDO UMA DOSE SÓ. E ACABAM SE EXPONDO. E ISSO INDEPENDENTE DA VACINA QUE TOMARAM. O INDIVÍDUO TOMA A VACINA E BAIXA A GUARDA”, AFIRMOU SULEIMAN.

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Proteção após segunda dose

Todas as vacinas disponíveis no Plano Nacional de Imunização (PNI) possuem esquema vacinal em duas doses. Cientistas estimam que a proteção é mais eficiente duas semanas após a segunda aplicação.

Mas, mesmo após isso, a orientação é que as pessoas mantenham medidas como uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social. Nenhuma vacina é capaz de proteger totalmente contra a doença, e a proteção coletiva só é alcançada depois que uma certa porcentagem de toda a população tenha recebido as duas doses.

“JÁ ESTÁ CHAMANDO A NOSSA ATENÇÃO PARA UM FENÔMENO QUE NÃO É BOM. AINDA NÃO FOI TABULADO, MAS JÁ NOS APONTAM ESSES CASOS. ESTAMOS CAPTURANDO OS DADOS COM A EQUIPE DO SETOR DE VIGILÂNCIA PARA TER INFORMAÇÕES MAIS PRECISAS DE QUEM FOI INTERNADO JÁ TENDO TOMADO A PRIMEIRA DOSE”, DIZ O INFECTOLOGISTA.

‘Não é hora de relaxar’

O médico alerta que, embora uma das funções da vacina seja diminuir a chance de uma pessoa desenvolver casos graves da doença, ainda existe a possibilidade de que ela seja internada.

“Se você toma a vacina e baixa os cuidados, todo o discurso para baixar a demanda na rede de saúde não se aplica. Sim, a vacina reduz a chance de ter a forma grave da doença, mas ainda pode ficar doente. E enquanto a gente não reduzir a circulação do vírus e criar esse cinturão de proteção, não é hora de relaxar.”
Cinturão de proteção

Suleiman também citou o estudo clínico realizado pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, onde toda a população adulta apta para receber a vacina foi imunizada com a Coronavac.

O resultado apontou uma redução de 95% das mortes por Covid na cidade após o fim da vacinação. Para os cientistas, o controle da epidemia se deu na cidade depois que 75% da população adulta foi vacinada.

“TEMOS QUE FAZER O SERVIÇO COMPLETO E COM AS DUAS DOSES PARA QUE TODOS TENHAMOS SEGURANÇA. SERRANA MOSTRA ISSO MUITO CLARO. ENTÃO NÃO É SÓ VOCÊ. VACINA É COLETIVO”, DIZ SULEIMAN.

O estudo do Butantan apontou que a vacinação de adultos criou um “cinturão de proteção” que beneficiou crianças e adolescentes que ainda não podem receber as doses.

“A gente não está em Serrana, a gente ainda está muito longe de ter o cinturão de proteção. Ainda não dá para fazer o baile de queima das máscaras.”

Até as 18h30 desta quarta-feira (2), o “vacinômetro” do governo estadual apontava que foram aplicadas 17.683.458 de doses de vacinas contra a Covid no estado, sendo 11.891.670 de primeira dose e 5.791.788 de segunda dose. O montante de primeira dose representa 25,6% da população total do estado, e o da segunda dose, 12,5%.