Em 14 de setembro de 2017, Cuiabá testemunhou uma das operações mais impactantes da história política de Mato Grosso. A Operação Malebolge, 12ª fase da Operação Ararath, desarticulou um sofisticado esquema de crimes financeiros que financiava campanhas eleitorais via caixa 2 e enriquecimento ilícito de políticos, empresários e agentes públicos.
Naquele dia, 270 policiais federais e membros do Ministério Público Federal cumpriram mandados em 64 endereços, incluindo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), de onde cinco conselheiros foram afastados por suposto recebimento de propina. Gabinetes da Assembleia Legislativa de Mato Grosso também foram vistoriados.
O nome da operação remete ao oitavo círculo do inferno de Dante Alighieri, local reservado aos maus conselheiros e fraudadores, sinalizando que o TCE era o alvo central da ação. Após mais de dois anos afastados, os conselheiros conseguiram retornar, mas os inquéritos que os envolviam foram arquivados pelo STJ no ano passado por falta de provas.
Além do TCE, imóveis ligados ao então ministro da Agricultura Blairo Maggi foram alvos, bem como gabinetes de deputados estaduais e residências de ex-deputados e do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. Maggi conseguiu trancar todas as denúncias por falta de provas.
A operação ocorreu 40 dias após a homologação da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, que trouxe à tona vídeos de deputados recebendo o chamado “mensalinho” para aprovar projetos e contas do governo. Entre os vídeos, o de Emanuel Pinheiro chamou atenção ao ser registrado recebendo dinheiro, embora tenha conseguido anular a prova e manter seu inquérito trancado.
Todos os envolvidos e citados na delação negam as acusações, mas a repercussão da Operação Malebolge marcou profundamente o cenário político de Cuiabá e de Mato Grosso, resultando em desgaste público e afastamento de vários políticos da vida pública.