“Não fui e nem serei a última”, diz jovem que denunciou estudante de medicina da UFMT por estupro

Fonte: OLHAR DIRETO

ESTUPRO

“Tenho certeza que não fui e nem serei a última”. Essa é o relato de uma jovem, de 18 anos, que denunciou um estudante de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por estupro de vulnerável. O episódio teria acontecido no dia 4 de dezembro de 2019, quando ela estaria inconsciente, mas só veio à tona nesta quarta-feira (5), depois que ela expôs tudo no Twitter.

 

Em entrevista, ela relatou que conversava com o universitário há algum tempo. Contudo, após uma briga com a mãe, ela saiu de casa por um período e o rapaz se mostrou preocupado. “Eu sai de casa em um surto e parei em um lugar para carregar meu celular, ele disse que iria me buscar. Me buscou, eu entrei no carro, ele me deu um remédio falando que era para eu me acalmar, eu estava chorando, ele falava que eu ia ficar mais calma com o remédio”, conta.

“Eu falei que ia tomar quando chegasse na casa da minha amiga, ele falou para eu tomar, que o efeito demorava para passar. Eu tomei e não demorou nada, eu comecei a ficar bem grogue, estava indo para a casa de uma amiga, que tinha dito pra eu ir dormir lá. No meio do caminho ele mudou a rota, me levou para um motel e aconteceu”, relata.

Com o celular descarregado, a jovem pegou o aparelho do rapaz para tentar falar com a amiga, que iria dormir em sua residência, através do Instagram. Entretanto, o suspeito teria pego o aparelho e silenciado a conversa para ela não ver as notificações. “Só ele mandava as mensagens. Ele mandou nudes e minha amiga me bloqueou”.

Como a amiga havia bloqueado a jovem, o estudante de medicina levou ela para casa de um amigo, onde ela dormiu.”No outro dia eu acordei e achei uma camisinha e maconha dentro de mim, fui para o hospital, fiz exames, mas nem fui buscar, porque eu demorei muito para entender o que tinha acontecido comigo. Eu só fui ter coragem de  expor agora, mas eu venho sofrendo com isso desde que aconteceu”, disse a jovem emocionada.

Depois do ocorrido, ela teria contado ao rapaz o que teria acontecido e eles cortaram o contato. “Depois disso, ele continuou me mandando mensagens, contei o que tinha acontecido. A gente cortou o contato. Teve gente que falou que já viu ele fazendo isso em festa, que ele é meio estranho. Já teve caso de uma pessoa, que não quer ser identificada, que ele já bateu nela”, acrescenta.

[Continua depois da Publicidade]

“É difícil falar sobre o que aconteceu, mas falando a gente deixa se sentir tão impotente, foi importante falar para me livrar disso e para ajudar outras pessoas. Eu tenho certeza que não fui a primeira e provavelmente não serei a última. Expondo isso eu tenho chance de mostrar para outras mulheres”, assevera.

A jovem registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de Cuiabá. O caso deverá ser investigado pela delegada titular Jorzilethe Magalhães. O próximo passo será colher mais informações, ouvir testemunhas e o acusado.

A vítima deverá passar por exame de corpo de delito, que pode ser prejudicado devido ao período do abuso. Como o caso não está em período de flagrante, será necessário que a Polícia Civil solicite à Justiça que emita um mandado de prisão contra o acusado.

O caso 

Uma jovem acusa um aluno de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) por tê-la estuprado enquanto ela estava inconsciente. O relato foi feito através do twitter da garota, gerando repercussão e revolta na rede social. Outras jovens, sabendo da situação, também resolveram contar sobre os abusos que também teriam sofrido.

Revoltados, diversos usuários da rede social começaram a mandar mensagens de apoio para a vítima e abarrotaram o perfil do universitário no Instagram, que resolveu suspender sua conta. Até o momento, ele ainda não se pronunciou.