Equipe da UFMT inicia monitoramento de morcegos em Lucas do Rio Verde

Um grupo de professor e alunos está no município para fazer captura de animais

Fonte: CenárioMT

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Foto: CenárioMT

Uma equipe da Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Sinop, iniciou um trabalho de monitoramento de morcegos em Lucas do Rio Verde. Nesta terça-feira (07) eles iniciam observação dos animais no município. Outra ação é a capacitação aos servidores da Saúde. As atividades fazem parte da pesquisa em Campo dos Morcegos.

Rafael Arruda, professor da instituição, disse que a ideia de vir a Lucas do Rio Verde fortaleceu após a captura de um morcego infectado com o vírus da raiva animal. Segundo ele, existe um projeto denominado ‘Morcegos de Mato Grosso’ que busca identificar as espécies presentes no Estado. Paralelo a esse projeto foi iniciado o mapeamento de vírus, fungos e bactérias em morcegos. “Foi uma coincidência quando soubemos desse morcego positivado aqui. O morcego acabou seguindo para o Indea e temos apenas o relatório final da ocorrência do vírus”, explicou.

O trabalho da equipe é fazer o monitoramento dos morcegos na área urbana de Lucas do Rio Verde. O grupo deve vir ao município a cada três meses. O professor e alunos devem visitar áreas verdes, chácaras e fazer a captura de animais. O levantamento vai permitir fazer a amostragem dos animais, eventual ocorrência de patógenos, vírus de raiva ou de outros vírus, bactérias, fungos ou outros parasitas.

Variedades de espécies

Uma publicação feita em 2019 identificou 99 espécies de morcegos no Estado. Após essa publicação, outras 4 espécies passaram a fazer parte desse levantamento. Segundo Arruda, é normal essa quantidade de espécies em solo mato-grossense em razão dos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal.

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Conforme o professor da UFMT, os morcegos têm um importante papel para o ecossistema. Eles promovem, por exemplo, dispersão de sementes de espécies vegetais, polinização de espécies vegetais com potencial econômico e até atuação de controle de pragas agrícolas. Essa última função foi descoberta recentemente, sendo reportada por professores de Brasília.

“Pesquisadores reportaram que morcegos da área urbana de Brasília, eles saem, se alimentam de insetos, pragas de lavouras, e retornam para a cidade depois”, relatou.

Arruda pontuou que, ao contrário do que se pensa, os morcegos não são ‘vilões’ como insinua a cultura popular. Embora alguns deles sejam hematófagos (se alimentem de sangue) a maioria se alimenta de insetos e roedores.

Por outro lado, o professor da UFMT orienta que, ao encontrar algum animal morto ou machucado, a pessoa evite o manuseio sem o devido conhecimento. O ideal, segundo ele, é que equipes especializadas da Vigilância Sanitária ou do Corpo de Bombeiros sejam acionadas para fazer o resgate. “Não peguem com a mão, sem luva, evite o contato direto. Morcego morde? Morde. Mas se tentar pegar um gato ou cachorro que você não conhece possivelmente eles vão te morder”, ressaltou.

Laboratório

A acadêmica Julieni Bianchi Morais, que cursa o último ano de medicina veterinária da UFMT, integra o laboratório de patologia. Ela explica que o assunto envolvendo morcegos e zoonoses sempre desperta curiosidade. Assim que surgiu a notícia do registro de morcego positivado em Lucas do Rio Verde surgiu a necessidade investigar o caso, já que os vilões são sempre apontados como vilões. Por isso a curiosidade em mapear e descobrir detalhes a respeito dos morcegos.

“Tem muitas coisas que a gente não consegue identificar macroscopicamente, olhar o animal e saber que ele tem alguma enfermidade, alguma zoonose. Quando a gente encaminha para o laboratório, além da prova para saber se o animal era portador do vírus da raiva a gente também consegue realizar outros diagnósticos fúngicos, de bactérias, de parasitas. Daí a gente consegue mapear qualquer tipo de enfermidade que possa vir chegar ate a população”, detalha.

Julieni observa que a interação entre animais existe, mas é importante saber como orientar a população sobre como se comportar em situações de localização desses animais.

Levantamento

Para a coordenadora de Vigilância em Saúde de Lucas do Rio Verde, Claudia Engelmann, o mapeamento que passa a ser feito é importante para atender a comunidade luverdense. Segundo ela, os profissionais da Vigilância Sanitária passam a ter mais conhecimento a respeito do assunto. “E consegue passar informações para a população sobre prevenção, pois nosso objetivo sempre é prevenir as doenças nos munícipes”, destacou.

Os agentes de saúde também terão papel importante orientar a população. Os profissionais passarão por capacitação com a equipe da UFMT. “Eles estarão nas casas das pessoas tirando dúvidas. Esse compartilhamento de informações pra nós é de grande valia”, concluiu.

Profissionais da Saúde participam de capacitação sobre morcegos em áreas urbanas

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É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.