Foi formatada uma geração que apresenta déficits que resultarão em um futuro ainda mais incoerente

Fonte: Fabiano de Abreu

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Os evolucionistas são exemplos da própria evolução. Esta é a frase que decidi ser o ponto de partida para o assunto que decidi abordar hoje.

O futuro preocupa-me, ainda mais o futuro das nossas capacidades enquanto seres humanos. Já em 2018 comecei a elaborar alguns estudos em que conclui que o acesso imediato à informação facilitada, que o uso recorrente do mundo virtual nos estava a tirar capacidades o que nos colocaria em risco a nossa espécie ou nos tornaríamos adaptados a uma nova realidade de sobrevivência. Apesar de tudo, esse é o caminho da humanidade, a adaptação pois sempre fomos sujeitos a inúmeros testes e mudanças! O que nos torna diferenciados é a capacidade de compreender o panorama e agir de acordo com ele. O intelecto é fundamental.

A última região do cérebro a se formar é o lobo frontal, justamente a região da inteligência, diferente das demais espécies, encontramos na lógica uma maneira de sobreviver. Sendo mais específico ao alvo, o córtex pré-frontal no cérebro revela comportamentos que garantem essa afirmativa perigosa de que estamos regredindo, ou prefiro dizer, elegendo uma nova adaptação que mudará a nossa percepção sobre a vida. Quem sabe não deixaremos de enxergar a morte como seres humanos e passaremos ao enxergá-la como os demais animais sofrendo menos e perdendo a crença, de forma semântica à religiosa, pela falta do pensamento coerente sobre ela.

O córtex pré-frontal está relacionado com o controle emocional, lógica, tomada de decisão, atenção, coerência, planejamento, reflexão, percepção, entre outros elementos que revelam diretamente ou em conjunto a inteligência.

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Pense em cada elemento que coloquei aqui e reflita se as crianças e jovens de hoje estão tendo dificuldades em relação a eles. Aumento de casos de TDAH – Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, falta de controle emocional com relação a TPD – Transtornos de Personalidade Dramáticos, falta de lógica e coerência, dificuldade no foco atencional, dúvidas para as decisões, imaturidade, falta de planejamento, erros nas reflexões e falta de percepção do óbvio relacionado a lógica, entre outros.

Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) era um cérebro evoluído para a sua época, dando ênfase no que digo sobre os evolucionistas serem exemplos da própria evolução. O naturalista francês disse que as espécies se modificam para adaptar-se, mas regridem, a lei do uso e desuso não estava totalmente correta para tudo, entre as exceções está o cérebro; que quando utilizado se aprimora, quando não utilizado, se atrofia (claro que com nuances não determinadas).

A transmissão dos caracteres adquiridos em vida – se esta geração está menos inteligente – logo a próxima geração virá menos inteligente e isso sucessivamente, moldando um novo tipo de inteligência, sempre tentando prevalecer a sobrevivência ou, quem sabe, extinção. Há também a relação com a epigenética onde os reguladores gênicos, passarão adiante os hábitos em vida até à reprodução, não de forma generalizada.

Vale então mediante este texto, chamar a atenção para essa cultura das redes sociais que formam comportamentos semânticos que interferem na evolução do cérebro, assim como sensações que alteram a sua anatomia, prejudicando a geração presente e acarretando em consequências futuras.

A mudança dos hábitos e a regulação torna-se prioridade governamental e escolar, não omitindo os pais, mas levando em consideração que a maioria está “contaminado” por esta cultura. Nossa linha cronológica comprovou a necessidade do equilíbrio, mesmo que este tenha que ser regulado por cérebros menos afetados.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.