A geração que não consegue se colocar no lugar do outro!

Fonte: Fabiano de Abreu

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Separados por uma tela, a nova sociedade virtual não alcança o outro, por isso, não consegue se colocar em seu lugar. Estamos vivendo o maior individualismo da história humana.

A falta da empatia, do toque físico, do acolhimento, do contato ocular e na ausência da presença física faz com que a pessoa não veja o outro, não o perceba, não note a presença do outro e, consequentemente, não se colquea no lugar dele.

A necessidade da felicidade como objetivo e não como consequência faz com que criemos um mundo irreal em que, para o outro, você é feliz, mas não para si mesmo. Esse mundo perfeito exposto na mídia social criou uma disputa onde um pensa que o outro está melhor que ele, que não precisa de si, então, é você que tem que correr para alcançá-lo.

A concorrência não é só resultado dessa sociedade virtual, mas, também, com o aumento da população e da globalização, a competição tornou-se mais acirrada. Isso acontece também devido ao acesso pluralizado em que basta ter um pouco de vontade para adquirir conhecimento. A concorrência resulta em duelo e isso cria um individualismo que,com o tempo, passa a ficar impregnado no indivíduo.

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O individualismo está ligado também à falta da verdade, ou seja, não quero que o outro saiba minha verdade já que o que projeto na mídia social não é real, de verdade.

O incentivo ao amor próprio exagerado na era dos coachs motivacionais, que educam as pessoas a amarem tanto a si mesmo, faz com que elas não saibam diferenciar o que seria saudável dentro de um equilíbrio. Ama-se tanto a si mesmo ou promove-se tanto esse amor próprio que esquecemos o outro e tornamos o egoísmo um hábito.

Se colocar no lugar do outro afeta alguns dos comportamentos mais comuns dessa geração: dá preguiça se colocar no lugar do outro e falta tempo pra isso.

A capacidade de nos colocarmos na posição do outro advém da incapacidade que, por vezes, temos de anular a prioridade que damos a nós mesmos.

Quanto mais o indivíduo se afasta, mais prioridade dá a outros aspetos da vida, como o trabalho, por exemplo. De outra forma, quanto mais pessoas “sabem” sobre sua vida nas redes sociais, menos questão você faz de efetivamente estar com as pessoas, pois elas podem comprovar o contrário do que é exposto virtualmente.

Na era do virtual temos dificuldade em admitir que somos apenas humanos. Isso nos desliga do outro, nos fazendo viver cada um a sua realidade inventanda e estagnada apenas nas fotos das redes sociais. Temos vidas fictícias fragmentadas em momentos e apenas nos alegra o impacto que isso causa no outro. Um clique.

E qual seria a solução?

HUMILDADE – A palavra está em caps lock pois ela é crucial para que possamos ter uma vida melhor. Eu chamo de humildade natural cognitiva, que é uma humildade que vem de nossa natureza mesmo que ela tenha sido trabalhada ao longo da vida. Natural pois a artificial é percebida pelo cognitivo alheio e causa rejeição e é motivo de piada.

A humildade prevalece à compaixão, que é a necessidade de ouvir o outro. Quem não é humilde não respeita, não sente compaixão, não se identifica com o outro pois sempre se acha melhor que o outro.

A humildade é um modo de inteligência ativado onde o reconhecimento e, o prestar a atenção no outro, sugere ganho de conhecimento.

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Tenho convicção de que os intelectuais aprimoram sua humildade até mesmo pela certeza de que isso reflete em coisas boas. Assim como assumem os erros e escutam o outro para que possam adquirir mais conhecimento.

Pensa nesta frase filosófica:

O silêncio causa dúvidas e enaltece o mistério, logo, ganhas respeito.

O silêncio é o ato de observar, que é o ato de aprender e também de se colocar no lugar do outro para que possa, não só aprender, mas para que possa não falhar. O silêncio causa reflexão sobre o assunto do outro e o assunto do outro ensina. Saber ouvir é o melhor meio para o conhecimento cognitivo e nos salva do individualismo.

EGOÍSMO – Não podemos ceder ao egoísmo proporcionado pela sociedade atual. Devemos nos manter num ponto de equilíbrio e viver a nossa vida dando e recebendo atenção em partes iguais. O egoísmo não deve ser algo que vemos como natural; não podemos deixar que se torne um hábito. Ser egoísta é ser só.

Fazemos o que o mundo manda, mas só pensamos em nós mesmos. Não temos ideia própria apesar de só pensarmos em nós mesmos.

Atingimos a plenitude da felicidade quando não persamos nela como uma obrigação e, sim, uma consequência.

Experimente, ao ouvir do seu amigo ou parceiro “estou cansado” não responder “eu também”.

Interesse-se pelo motivo do seu cansaço pois você pode ser útil ao outro e a utilidade causa satisfação e essa o deixa feliz.

SER ÚTIL E SOMAR FAZ A VIDA FAZER SENTIDO.

Mesmo que a pessoa não tenha nunca nada a dizer. Tenha paciência, ouça e depois fale e comprove suas teorias.

Perceba que, quando o sistema da empresa cai ou a rede social está fora do ar, todos parecem emergir em uma grande inércia, tornando-se atados e sem saber o que fazer. Utilize esse momento para interagir e se preocupar com o outro, que, com certeza, sua mente vai se abrir para solucionar alguns dos seus problemas no trabalho ou na vida.

Sobre o autor do texto: Dr. Fabiano de Abreu

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Bio Fabiano coluna

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.