“Mesmo diante de tanta dor, o legado continua”. Foi com essa frase que a comunidade de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho (BA), homenageou Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, assassinada em 2023. O ato reuniu familiares, moradores e lideranças religiosas neste domingo (17), quando a morte da líder quilombola completou dois anos.
O tributo contou com café comunitário, missa e a tradicional Roda de Oxumaré, orixá de devoção de Mãe Bernadete. Durante a cerimônia, seu filho, Jurandir Wellington Pacífico, destacou a dor da perda e reafirmou o compromisso de dar continuidade à luta da mãe.
Mãe Bernadete foi executada a tiros dentro de sua casa, que também era sede da associação quilombola. Reconhecida nacionalmente, ela denunciava a atuação de criminosos em áreas de preservação ambiental e já havia perdido o filho, Flávio Gabriel Pacífico, o Binho do Quilombo, assassinado anos antes. Cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por envolvimento no crime, mas o julgamento ainda não tem data definida.
Somente em 2024, após sua morte, as terras do quilombo foram reconhecidas pelo Incra. O episódio evidenciou os riscos enfrentados por defensores de direitos humanos no Brasil. De acordo com levantamento de organizações sociais, o país continua entre os mais perigosos para lideranças comunitárias, com centenas de registros de violência.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, esteve presente no ato e destacou que quilombolas e indígenas são maioria no programa federal de proteção a defensores de direitos humanos. Ela reforçou o compromisso do governo em garantir segurança e fortalecer as comunidades tradicionais.
O encontro foi marcado pela repetição de uma única mensagem: “Mesmo diante de tanta dor, o legado continua”.
