Plano de neutralização era apenas simulação militar, afirma réu

Tenente-coronel Hélio Lima afirmou ao STF que documento apontado como prova de plano golpista era apenas um exercício de inteligência.

Fonte: CenárioMT

Fachada do edifício sede do Supremo Tribunal Federal - STF
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

O tenente-coronel do Exército Hélio Ferreira Lima declarou nesta segunda-feira (28), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o suposto plano de “neutralização” de autoridades era, na verdade, um exercício de inteligência militar. Segundo ele, o documento identificado pela Polícia Federal como evidência central de uma articulação golpista não passava de um estudo hipotético elaborado para o comando da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre.

Preso preventivamente há nove meses, Lima é um dos dez acusados do chamado núcleo 3 da suposta trama golpista, investigado por executar ações de campo e tentar influenciar o alto comando das Forças Armadas. Em 2022, o militar atuava como oficial de inteligência, função que incluía a formulação de cenários estratégicos.

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De acordo com Lima, um desses cenários considerava a possibilidade de o relatório das Forças Armadas apontar fraude eleitoral. O documento, nomeado “des.op.Luneta”, foi apreendido pela PF em um pen drive durante busca e apreensão em sua residência. Ele alegou que não se tratava de um plano de golpe, mas de um “desenho operacional” para reduzir incertezas e prever situações de interesse militar.

Questionado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o foco exclusivo em grupos de esquerda como ameaça, respondeu que foi a esquerda quem venceu as eleições, e que, se houvesse fraude, teria beneficiado os vencedores. “Fraude em favor dos derrotados não faria sentido”, disse. O oficial reforçou que sua análise não refletia posições políticas.

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Lima também afirmou que não recebeu ordens para elaborar o cenário e que esse tipo de iniciativa parte do próprio oficial de inteligência. Disse ainda que o general responsável determinou o abandono daquela linha de análise posteriormente.

No depoimento, o militar negou envolvimento direto com qualquer ação golpista e rechaçou a versão de que foi a Brasília para monitorar o ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, a viagem teve o objetivo de mobiliar o apartamento dos filhos, que estudam na Universidade de Brasília. Documentos e mensagens pessoais foram apresentados como prova.

O oficial confirmou encontros com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e relatou ter sido convidado por ele a visitar o general Braga Netto. Lima afirmou que não discutiu nenhum plano golpista e permaneceu por menos de trinta minutos no local. “Nem uma água eu bebi”, declarou.

Sobre o silêncio mantido na fase de inquérito, Lima acusou o delegado Fabio Shor de impor a regra do “silêncio parcial”, permitindo apenas o depoimento integral ou o completo silêncio. Disse que, por ordens superiores, optou por não falar, mas se arrepende da decisão.

Ao fim do depoimento, pediu ao STF o direito de aguardar o julgamento em liberdade.

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.