A defensora de direitos humanos Ana Paula Gomes de Oliveira, 48 anos, recebeu nesta semana o Prêmio Martin Ennals, um dos mais importantes reconhecimentos internacionais dedicados à proteção de ativistas. A homenagem destaca sua atuação na denúncia da violência de Estado e no apoio a mães e familiares de vítimas da letalidade policial.
Moradora de Manguinhos, no Rio de Janeiro, Ana Paula ganhou projeção nacional e internacional após a morte de seu filho Johnatha, em 2014, durante uma ação da Unidade de Polícia Pacificadora. O jovem, de 19 anos, foi atingido pelas costas enquanto ocorria um tumulto entre moradores e policiais. O caso ainda aguarda novo julgamento.
O luto levou Ana Paula a cofundar o coletivo Mães de Manguinhos, formado por mulheres negras que denunciam o racismo institucional e cobram responsabilização do Estado em casos de homicídios, prisões ilegais e outras violações. Ela também atua na Rede de Assistência às Vítimas da Violência de Estado, que oferece apoio psicossocial às famílias e articula propostas de mudanças legislativas.
A trajetória da ativista foi tema de reportagens e reconhecida por premiações jornalísticas, reforçando sua relevância no enfrentamento à violência policial. Em entrevistas, Ana Paula afirma que a militância se tornou uma forma de dar sentido à vida após a perda do filho.
Mesmo diante de ameaças, segue sendo uma das vozes mais importantes no debate sobre segurança pública. Após uma operação que deixou 121 mortos no Rio no fim de outubro, ela voltou a defender mais transparência e controle das ações policiais em favelas.
Para Ana Paula, a desigualdade na forma como as operações são conduzidas revela práticas históricas de violência e violações de direitos, que seguem afetando moradores de territórios periféricos. Ela reforça que a cobrança por legalidade e respeito busca impedir que outras famílias vivam o mesmo sofrimento.


















