A Defensoria Pública de São Paulo entrou com uma ação judicial pedindo R$ 759 mil em indenização por danos morais a um adolescente negro que foi vítima de racismo no Shopping Pátio Higienópolis, na capital paulista, em abril deste ano.
Além do valor financeiro, o órgão solicita que o shopping e a empresa terceirizada responsável pela funcionária acusada ofereçam acompanhamento médico e psicológico gratuito ao jovem. A Defensoria exige que o profissional tenha formação antirracista e atenda o adolescente pelo tempo necessário para sua recuperação.
O pedido inclui ainda uma bolsa permanente e recursos para cobrir despesas com alimentação, transporte, reforço escolar e atividades esportivas. A instituição também quer uma retratação pública no Diário Oficial do Estado e em um jornal de grande circulação.
Na época do ocorrido, o estudante, bolsista do Colégio Equipe, foi abordado de forma discriminatória por uma funcionária terceirizada da segurança do shopping, que o acusou injustamente de pedir dinheiro a uma colega branca. O caso ocorreu logo após uma atividade escolar sobre racismo.
Segundo a Defensoria, os impactos do racismo sobre a saúde mental da população negra são profundos e, muitas vezes, irreversíveis. “Ser acusado de forma injusta por conta da cor da pele pode causar graves danos psicológicos, especialmente em crianças e adolescentes”, destacaram os defensores no processo.
O órgão ressaltou que não se trata de um caso isolado. Anteriormente, já haviam sido feitas recomendações ao centro comercial para evitar novas situações de discriminação, mas as medidas corretivas não foram adotadas.
O episódio reacendeu o debate sobre o histórico elitista de Higienópolis, bairro nobre da capital, que em 2011 ganhou destaque após a polêmica expressão “gente diferenciada”, usada por uma moradora contrária à construção de uma estação de metrô no local. A frase gerou o simbólico “churrasco de gente diferenciada” como forma de protesto.
Em nota, o Shopping Pátio Higienópolis informou que “desconhece a ação e se manifestará nos autos assim que for notificado”. O empreendimento pertence à Iguatemi S.A., do Grupo Jereissati, que administra outras unidades em diferentes estados do país.