O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao Ministério da Justiça pedido de extradição de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que retorne da Itália ao Brasil.
Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por vazamento de conversas entre servidores do STF e TSE que assessoravam diretamente Moraes em 2024, quando presidiu a Corte Eleitoral. Ele responde pelos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação penal e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Após a investigação, Tagliaferro foi exonerado e deixou o país, residindo atualmente na Itália. O Ministério da Justiça informou que o pedido de extradição já foi encaminhado ao Itamaraty.
O ex-assessor chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, e as conversas divulgadas envolviam relatórios sobre alvos de inquéritos relacionados a ataques ao STF e disseminação de fake news contra ministros. As mensagens foram publicadas em agosto de 2024 pela Folha de S. Paulo.
Segundo a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, o vazamento visava questionar a credibilidade do STF e do TSE. Em depoimento à Polícia Federal, Tagliaferro levantou suspeitas sobre a atuação da Polícia Civil de São Paulo, afirmando ter entregue seu celular desbloqueado durante investigação de violência doméstica, estratégia considerada pelo PGR como tentativa de atrapalhar o processo.
Mensagens obtidas pela PF mostram que Tagliaferro admitiu o vazamento e se comunicou com terceiros sobre o caso, indicando contato com a imprensa para difamar o ministro. Gonet qualificou a ação como estratégia para incitar atos antidemocráticos e desestabilizar instituições.
Entrevista e ameaça
Após a denúncia, Tagliaferro concedeu entrevista a um blogueiro investigado por ataques ao STF, ameaçando divulgar novas informações sigilosas. O procurador-geral avaliou que tal atitude demonstra a adesão do ex-assessor aos objetivos de uma organização criminosa que visa desestabilizar o sistema judicial brasileiro.