O ministro Alexandre de Moraes declarou que não há possibilidade de recuar na condução das ações relacionadas à trama golpista que teria tentado manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
A declaração foi dada em entrevista aos correspondentes internacionais Marina Dias e Terrence McCoy, publicada pelo The Washington Post. Moraes afirmou: “Vamos fazer o que é certo: vamos receber a denúncia, analisar as evidências, e quem tiver de ser condenado será condenado, e quem tiver de ser absolvido será absolvido”.
O perfil traçado pelo jornal destaca o ministro como alguém acostumado a embates com poderosos, sempre adotando a postura de nunca desistir e seguir avançando.
Segundo Moraes, o Brasil enfrenta uma ameaça autoritária, e cabe ao Supremo aplicar a “vacina” contra esses riscos. Ele reforçou que não há chance de recuar do que considera necessário para preservar a democracia.
Para a reportagem, foram entrevistadas 12 pessoas próximas ao ministro, incluindo amigos e colegas, a maioria de forma anônima. Muitas avaliaram que a postura firme de Moraes ajudou a proteger a democracia brasileira, enquanto alguns criticaram seu excesso, que poderia afetar a legitimidade do Supremo.
Moraes ganhou notoriedade internacional como “xerife da democracia”, graças aos despachos abrangentes que abordam liberdade de expressão, tecnologia e poder estatal. Entre suas medidas recentes está a prisão domiciliar de Bolsonaro, decretada no início do mês.
Sanções
O jornal também destaca sanções impostas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, contra Moraes, motivadas por informações falsas espalhadas nas redes sociais e pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro. As medidas incluem restrição de visto e aplicação da Lei Magnitsky, voltada a punir supostos violadores de direitos humanos.
Moraes concluiu que é necessário esclarecer os fatos e que o Brasil está empenhado nesse processo.
O julgamento da ação penal contra Bolsonaro e sete antigos aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado, está marcado para 2 de setembro na Primeira Turma do Supremo, composta por Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.