Gilmar Mendes afirma que não há desconforto no STF com prisão domiciliar

Ministro defende decisão de Alexandre de Moraes e reforça confiança entre os membros do Supremo.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF), 06/08/2025 - O ministro do STF, Dilmar Mendes, participa da abertura do 4º Fórum Saúde Foto: José Cruz/Agência Brasil
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que não há qualquer desconforto interno na Corte após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada por Alexandre de Moraes. A declaração foi dada nesta quarta-feira (6), em Brasília, após evento do Instituto Esfera Brasil.

Questionado sobre possíveis tensões entre os ministros, Mendes negou divisões e reforçou o apoio a Moraes. “O Alexandre de Moraes tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, disse. Ele também rechaçou a ideia de que Moraes esteja isolado na condução do caso. “Não tem isolamento algum. O Brasil teria se tornado um pântano institucional não fosse a ação de Moraes”, afirmou.

A prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada na segunda-feira (4), após o ministro apontar o descumprimento de medidas cautelares anteriores, como a proibição de uso de redes sociais, inclusive por meio de terceiros. Segundo Moraes, o ex-presidente segue “ignorando e desrespeitando” o Supremo.

Na ocasião da decisão, foram apreendidos novos celulares de Bolsonaro. O ministro determinou que o ex-presidente permaneça incomunicável, com exceção de visitas de advogados. Nesta quarta-feira, no entanto, Moraes autorizou visitas de familiares, sem necessidade de solicitação prévia.

Mendes destacou a gravidade das acusações que recaem sobre Bolsonaro. A denúncia da Procuradoria-Geral da República aponta supostos planos de sequestro e assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do próprio Moraes. “Estamos falando de coisas sérias, não de um passeio no parque”, afirmou o decano.

A defesa do ex-presidente afirmou ter sido surpreendida pela prisão e prepara recurso a ser analisado pela Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros: Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Nos Estados Unidos, o governo anunciou sanções contra Moraes e outros ministros, citando o caso como parte de uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Em paralelo, o ex-presidente Donald Trump impôs uma tarifa de 50% sobre determinados produtos brasileiros, medida que entrou em vigor nesta quarta-feira.