Telhado na Cidade de Deus exibe mensagem pedindo paz durante operações policiais

ONG da Cidade de Deus chama atenção das autoridades para preservar vidas durante ações com helicópteros após instalar faixa pedindo cuidado com famílias e crianças.

Fonte: CenárioMT

Telhado na Cidade de Deus exibe mensagem pedindo paz durante operações policiais
Foto: ONG Nóiz/Divulgação

Em meio às constantes operações policiais no Rio de Janeiro, uma faixa colocada no telhado da ONG Nóiz, na Cidade de Deus, chamou atenção de autoridades e moradores. O aviso, escrito em letras grandes, pede calma e destaca que ali existem “sonhos, crianças e famílias”.

Instalada no último dia 24, antes da Operação Convenção, a faixa busca alertar sobre o risco que as incursões aéreas representam para quem vive na comunidade. A sede da ONG, localizada na região conhecida como Karatê-Rocinha 2, já foi atingida por disparos vindos de helicópteros há quatro anos, quando uma caixa d’água foi destruída.

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O presidente da instituição, André Melo, explicou que a ação foi uma tentativa de sensibilizar as forças de segurança. “Sempre tivemos medo dos helicópteros. Decidimos colocar a faixa para mostrar que aqui há atividades o dia inteiro, com crianças e famílias”, disse ele.

A ONG Nóiz atende atualmente cerca de 250 crianças e mantém atividades diárias de dança, balé, teatro, jiu-jitsu, reforço escolar e um projeto de alfabetização. O espaço também oferece biblioteca, atendimento psicológico e acompanhamento para crianças autistas, com o apoio de um terapeuta ocupacional.

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Nos sábados, a instituição promove o Sábado do Acolhimento, que reúne até 50 crianças em atividades lúdicas, além de oferecer pré-vestibular social e plantão de assistência social. “Fazemos o possível para garantir um ambiente seguro e de aprendizado”, destacou Melo.

Questionado sobre a eficácia das faixas, o presidente da ONG reconhece que o impacto é incerto, mas acredita que qualquer gesto que chame a atenção por mais cuidado é válido. “Não sabemos o que passa na cabeça de quem está pilotando um helicóptero, mas é importante tentar reduzir a sensação de insegurança.”

Melo, que deixou a carreira em publicidade para se dedicar à organização, afirmou que o maior desafio é a ausência do Estado. “As comunidades não têm referências positivas. O governo deveria mapear e replicar projetos que funcionam. Há uma fila de famílias querendo matricular os filhos aqui.”

Para ele, enquanto a sociedade enxergar as favelas como espaços à parte, a transformação social será limitada. “Tudo o que queremos é garantir que nossos jovens tenham oportunidades e sejam vistos como parte do mesmo Rio de Janeiro.”

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.