Empresários dos 11 países do Brics se reuniram neste sábado no Rio de Janeiro, véspera da cúpula de chefes de governo do bloco, para discutir formas de fortalecer o comércio entre as nações integrantes. O evento destacou a necessidade de ampliar os negócios, melhorar a logística e integrar cadeias de suprimentos.
Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirmou que o comércio interno do bloco ainda tem potencial inexplorado. “Apesar da relevância econômica individual de cada país, o volume de trocas entre nós é pequeno frente ao comércio com o restante do mundo”, observou.
Francisco Neto, CEO da Embraer e coordenador do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics), ressaltou a importância de aumentar o comércio e a integração produtiva. Entre as recomendações do conselho estão a expansão de rotas aéreas para cidades menores, acesso facilitado a capital e investimentos internacionais, além da modernização da logística e do comércio digital. Também foi defendida maior cooperação com o Novo Banco de Desenvolvimento para financiar infraestrutura.
O Brics reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Esses países concentram quase metade da população mundial, 40% da economia global e mais de 20% do comércio internacional. Em recursos naturais, detêm cerca de 70% das reservas de terras raras, mais de 40% da produção de petróleo e quase 80% da de carvão mineral. Segundo a CNI, o comércio do Brasil com o bloco somou 210 bilhões de dólares em 2023, representando 35% do total comercializado pelo país.
O fórum também enfatizou prioridades como inovação, transformação digital, transição energética e desenvolvimento sustentável. Francisco Neto citou temas como segurança alimentar, agricultura regenerativa, energias renováveis e economia circular como centrais para o avanço sustentável.
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que os encontros do Brics se consolidaram como um importante espaço de diálogo geopolítico. “Os Brics são o motor da economia mundial e representam mais de 40% do PIB global”, disse. Ele defendeu o fortalecimento do comércio exterior e o incentivo à inovação para fomentar o desenvolvimento mútuo.
Outro tema abordado no fórum foi a ampliação da participação feminina na economia dos países do Brics. Mônica Monteiro, presidente da Aliança Empresarial das Mulheres do bloco, apontou que apenas 15% das empresas com atuação internacional são lideradas por mulheres, citando dificuldades no acesso ao crédito. Ela defendeu linhas de financiamento específicas para ampliar essa participação de forma efetiva.