Estudantes do Rio de Janeiro relatam mudanças significativas desde a proibição do uso de celulares nas escolas, implementada pela prefeitura no início de 2024. A medida, que antecipou a lei federal sancionada em 2025, vem mostrando resultados expressivos no aprendizado e na socialização.
Antes da restrição, adolescentes passavam boa parte das aulas em jogos e redes sociais, dificultando o trabalho dos professores e reduzindo a interação entre colegas. Hoje, os intervalos voltaram a ser marcados por brincadeiras e conversas, enquanto dentro da sala a atenção está mais voltada às explicações dos docentes.
Dados da Secretaria Municipal de Educação apontam aumento de 25,7% em matemática e 13,5% em português no ensino fundamental em 2024. O estudo contou com metodologia de pesquisadores da Universidade de Stanford e ouviu 90% dos diretores da rede municipal.
A aluna Tauana Vitória Vidal Fonseca, de 15 anos, confirma a mudança: “Antes eu passava o dia inteiro no telefone. Depois da proibição, minhas notas melhoraram muito, principalmente em matemática”. Outro estudante, Enzo Sabino, lembra que a resistência inicial deu lugar a uma rotina mais equilibrada. “O recreio voltou a ser de brincadeira e conversa”, relata.
Professores também sentiram o impacto. O historiador Aluísio Barreto da Silva relata que, antes, até os alunos mais dedicados eram dispersados pelas telas. “A desintoxicação foi rápida e em poucas semanas já se notava diferença”, afirmou. Ele relaciona parte desse comportamento ao período de aulas remotas durante a pandemia.
A adesão das famílias foi fundamental, segundo a diretora Joana Posidônio Rosa, que destacou o apoio quase unânime dos pais. Muitos relataram enfrentar dificuldades semelhantes em casa e viram na medida uma oportunidade de impor limites saudáveis.
Além do desempenho acadêmico, a convivência entre os estudantes melhorou. Casos de bullying e cyberbullying diminuíram, segundo a Secretaria de Educação. Para o secretário Renan Ferreirinha, a experiência mostra como o poder público pode auxiliar famílias no enfrentamento do excesso de tecnologia. “A escola voltou a ser um espaço de socialização e aprendizado”, destacou.
Hoje, muitos alunos já preferem não levar os celulares para a escola. O tempo livre, antes gasto em telas, agora é direcionado a esportes, xadrez e outras atividades, fortalecendo vínculos sociais e ampliando a concentração dos estudantes.