O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, em Brasília, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para uma reunião que reforçou a aliança estratégica entre os dois países. O encontro, realizado no Palácio da Alvorada, teve como foco o apoio mútuo à inclusão de Brasil e Índia como membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Após o encontro, Lula destacou que as duas nações têm potencial extraordinário e não podem continuar fora das decisões centrais da ONU. “Não é mais aceitável uma ONU enfraquecida, ignorada nas grandes decisões. Os membros permanentes deveriam zelar pela paz, mas são os que mais promovem a guerra”, afirmou o presidente brasileiro.
Modi, por sua vez, destacou que a parceria entre Índia e Brasil representa um pilar de estabilidade global. Ele também defendeu que disputas internacionais sejam resolvidas por meio do diálogo e da democracia, além de enfatizar a política de tolerância zero ao terrorismo adotada por ambos os países.
Lula afirmou ainda que a aproximação é estratégica, dada a força econômica e a diversidade cultural das duas democracias. Um dos temas centrais do encontro foi a ampliação do acordo comercial entre Mercosul e Índia, com o objetivo de reduzir barreiras tarifárias e expandir o intercâmbio entre as economias.
Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 12 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo, óleos e aviões nas exportações brasileiras. As importações vindas da Índia chegaram a US$ 6,8 bilhões. Modi estabeleceu como meta elevar esse fluxo para US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos.
Durante a visita, os dois líderes assinaram acordos em áreas como segurança, energia renovável e transformação digital. O Brasil e a Índia também reforçaram a parceria na agenda ambiental. Lula declarou que ambos chegarão à COP30 como líderes na transição energética, conciliando desenvolvimento econômico e responsabilidade climática.
Lula ainda mencionou a realização, em agosto, da segunda rodada do Balanço Ético Global em Nova Délhi, promovida por Brasil e ONU. O evento é preparatório para a COP30. Ele também apoiou a candidatura da Índia para sediar a COP33.
Ao fim da coletiva, Lula criticou o ex-presidente norte-americano Donald Trump por ameaçar impor tarifas aos países que negociarem com o Brics. “Não aceitamos qualquer reclamação contra o Brics. Não queremos um imperador impondo suas vontades sobre decisões multilaterais”, declarou.