O Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, marca a morte de Zumbi dos Palmares e evidencia os avanços “extraordinários” da sociedade brasileira nos últimos 60 anos em termos de igualdade racial, segundo o presidente da Fundação Palmares, João Jorge Santos Rodrigues.
Em entrevista à Agência Brasil, Rodrigues ressaltou que os esforços de lideranças como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez contribuíram para uma sociedade mais democrática. Apesar disso, ele alerta que o racismo sistêmico ainda persiste, e que, embora políticas como cotas raciais, o Ministério da Igualdade Racial e a proteção a territórios quilombolas representem conquistas, o cenário ainda não é ideal.
Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez são reconhecidos por suas contribuições à cultura, política e estudos de raça, gênero e classe, deixando legados que moldam o debate sobre igualdade no país.
Rodrigues destacou que o racismo no Brasil possui características próprias, distintas de países como Estados Unidos, África do Sul, Índia e Austrália.
“É um racismo sistêmico, sofisticado e permanente, que impede que negros usufruam das ações afirmativas, como evidenciado pelas chacinas em diversas cidades”, afirmou.
Serra da Barriga
A Fundação Cultural Palmares, criada em 1988, atua na preservação da Serra da Barriga, maior quilombo das Américas. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares preserva a memória e a cultura afro-brasileira, e após anos sem celebração, agora recebe atenção especial no Dia da Consciência Negra, feriado nacional instituído recentemente.
Rodrigues defende reparações históricas ao povo negro, destacando que o Brasil possui a terceira maior população negra do mundo, com 113 milhões de pessoas. Além disso, melhorias no quilombo incluem melhor acesso e preservação para visitantes nacionais e internacionais.
Ele ressalta que a memória nacional envolve múltiplos grupos historicamente marginalizados, incluindo indígenas, mulheres e participantes de revoltas como Canudos e Malês.
Maior entendimento
Larissa Santiago, secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, aponta avanços significativos na discussão sobre igualdade racial e racismo, impulsionados por políticas educacionais e leis de cotas em universidades e no serviço público.
“As pessoas conseguem discutir com mais clareza sobre igualdade racial e racismo”, destacou.
Segundo Larissa, o aumento de professores negros permite ampliar a compreensão sobre raça, gênero e classe nas instituições de ensino. Ainda assim, o Brasil enfrenta desafios em garantir saúde e segurança para a população negra em todo o território nacional.



















