Necessidade de investimentos em armazenamento e ferrovias é destacada em evento em MT

Fórum Mais Milho foi realizado na tarde desta segunda-feira (19) no auditório do Edifício Cloves Vettorato, em Cuiabá

Fonte: CenárioMT com informações Assessoria

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A necessidade de armazenagem de grãos e a logística foram destacados durante evento realizado em Mato Grosso esta semana. O Fórum Mais Milho reuniu especialistas do setor agrícola e foi realizado nesta segunda-feira (19) no auditório do Edifício Cloves Vettorato, em Cuiabá.

Segundo especialistas, o problema de armazenagem em Mato Grosso fica cada vez mais grave, pois a produção de grãos do estado tem aumentado de forma significativa. Por outro lado, investimentos na infraestrutura de armazém não tem acompanhado o avanço no setor. O resultado é que os produtores são obrigados a vender os grãos e nem sempre conseguem os melhores preços, pois não conseguem armazenar a produção para ter estoques.

“Esse também é um problema da sociedade, pois quando o país não tem capacidade estática, o produtor acaba lançando mão, muitas vezes, do produto todo para exportação. Por se tratar de infraestrutura de alto valor agregado, é preciso políticas públicas governamentais de crédito para que o produtor consiga pagar esse investimento a longo prazo”, explica o presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore.

Capacidade de armazenamento

Levantamento feito pela Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) mostra que pouco mais de 20% da capacidade de armazenamento está dentro das propriedades rurais. Isso influencia diretamente na venda antecipada de grãos, fazendo com que o produtor negocie o cereal pelo preço que as trades estão oferecendo.

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O diretor-executivo da Abramilho, Glauber Silveira, acredita que o problema só será resolvido com investimento. Mas nos últimos anos, os aportes nesse gargalo têm apenas impedido que o problema fique ainda mais grave, pois a produção aumenta de forma significativa a cada safra.

“Esse é um grande desafio. Realmente, é preciso ter maior investimento, o que tem sido feito de investimento na armazenagem não tem nem corrigido o déficit. Aumentamos a produção a cada ano”, pontua Silveira, que defende também políticas de crédito para que o produtor que tenha, por exemplo, uma lavoura de 300 hectares, possa construir um armazém.

“A gente já comprovou, por exemplo, que com um produtor com 300 hectares, ele pode ter armazém. Ao contrário do que muita gente falava que não podia ter esse armazém, ele pode ter esse armazém, sim”, reforça.

Escoamento da safra

O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, pontou que MT vai alcançar nesse ano a produção de 94 milhões de toneladas de grãos. Ele estima que a produção do estado vai ultrapassar os 144 milhões de toneladas em 2032. Portanto, o investimento nesses dois setores é uma necessidade fundamental para o desenvolvimento do país.

Para Edeon, ainda há muito o que se fazer em infraestrutura da logística. Ele explica que Mato Grosso tem 32 mil km de rodovias estaduais, mas apenas cerca de 8 mil km são pavimentados. Também é preciso focar no transporte ferroviário, pois tem um menor custo em relação ao transporte rodoviário e menor impacto ambiental.

“O que nós temos que fazer é implantar mais ferrovias, pois a ferrovia vai reduzir o custo, você vai melhorar a relação com o meio ambiente, é isso o que nós temos que fazer”, afirma. Edeon destaca ainda que no estado já tem algumas obras ferroviárias em andamento. Uma delas é a malha ferroviária que vai ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, a Ferronorte. Outra via ferroviária é a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que vai ligar Mara Rosa (GO) a Água Boa.

10 anos

Edeon também pontua que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a continuidade de estudos da Ferrogrão. A linha ferroviária vai ligar o município de Sinop ao porto de Miritituba, no Pará. A previsão de Edeon é que sejam necessários dois anos para adequação dos estudos e outros 10 anos para realização da obra.

“Imagino que depois de autorizada a construção e com todos esses estudos, licenciamentos prontos, nós vamos levar dez anos. Nós temos que pensar no futuro. Infraestrutura não dá para você pensar no hoje. Você pensa em equacionar os problemas do hoje, mas você tem que pensar no futuro, a longo prazo”, conclui.

É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.