Ministério da Saúde assegura que nenhuma dose vencida de vacina foi entregue em Mato Grosso

Fonte: CENÁRIOMT COM INF. OLHAR DIRETO

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O Ministério da Saúde informou que nenhuma dose de vacina vencida foi entregue aos estados que aparecem em reportagem da Folha de S. Paulo. Em Mato Grosso, mais de 150 pessoas teriam tomado a AstraZeneca com prazo expirado.
A pasta afirmou que acompanha rigorosamente todos os prazos de validade das vacinas Covid-19 recebidas e distribuídas. Em nota, o Mistério diz que as doses entregues para as Centrais Estaduais devem ser imediatamente enviadas aos municípios pelas gestões estaduais.

Ainda conforme posicionamento, cabe aos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS) o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do Ministério.

Segundo orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local.

A cidade com o maior número de doses vencidas aplicadas em Mato Grosso, conforme a reportagem, seria Poconé, com 40. Elas teriam sido ministradas no PSF Cohab Nova. Em Cuiabá, foram 19. (confira a lista completa no fim da matéria).

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A secretária de Saúde de Poconé, Ilma Regina Figueiredo, disse ao Olhar Direto que a equipe se debruçou sobre os dados para verificar a denúncia feita na reportagem da Folha de S. Paulo. Porém, não foram encontradas evidências de que as pessoas tenham tomado doses vencidas.

“Pelo o que nós pudemos perceber, foi feita a vacina na data correta, mas houve um atraso para que fossem inseridas a informações no sistema de lançamento. Sendo assim, podemos garantir que não temos essa questão de vacinas vencidas aplicadas aqui na cidade”, disse a secretária.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) enviou uma nota dizendo que a coordenação da campanha Vacina Cuiabáque enfatiza que ninguém em Cuiabá recebeu aplicação de vacina vencida. Uma alteração no Sistema do Plano Nacional de Imunização pode ter causado o erro. O lote 4120Z005, apontado pelo Ministério da Saúde, como usado após o vencimento, chegou a Cuiabá em 25/01/21 e, de acordo com a resolução da Comissão Intergestores Bipartite – CIB, foi destinado inteiramente para a primeira dose.

A coordenação da campanha de imunização afirma que fez o rastreamento e constatou que as vacinas deste lote foram totalmente utilizadas em fevereiro. Foi dado baixa no lote em 10/02/21, portanto, muito tempo antes do vencimento.



“Por meio do levantamento dos dados, a coordenação da campanha constatou que as pessoas que tomaram a Astrazeneca após o dia 14 de abril foram para segunda dose. Essas aplicações aconteceram em 21/04, 29/04 e 03/05. Os lotes de Astrazeneca aplicados nestes dias foram o 213VCD006W, com vencimento em 06/09/21 e 213VCD004ZVA, com vencimento em 02/09/21”, diz trecho da nota.

A Prefeitura de Várzea Grande informou que está analisando a situação. Mas, preliminarmente, foi dito que o Ministério da Saúde não reconhece a informação e o Governo do Estado alega que entregou as vacinas lacradas e com validade. Está sendo mantido contato com Brasília (DF) para um posicionamento oficial.

Em nota, a secretaria de Saúde pontuou que encaminha as doses de vacina aos Escritórios Regionais e municípios em até 48h do recebimento da remessa e certifica que os imunobiológicos estão dentro do prazo de validade estipulado pelo fabricante.

“Contudo, o monitoramento da validade das vacinas deve ser realizado pelas gestões municipais, que também são responsáveis por elaborar estratégias para a imediata utilização das vacinas com prazos próximos do vencimento”, diz trecho da nota.

Por fim, a Pasta ainda esclarece que existe a possibilidade de ter ocorrido o registro tardio da vacinação. Nestes casos, o sistema pode apontar uma data de aplicação diferente da data que o imunizante realmente foi aplicado.

Até o dia 19 de junho, os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros. A campeã no uso de vacinas vencidas é Maringá, reduto eleitoral de Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. A cidade paranaense vacinou 3.536 pessoas com o produto da AstraZeneca fora da validade (primeira dose em todos os casos).

No início da tarde desta sexta-feira, a prefeitura de Maringá, apontada como a cidade com o maior número de doses vencidas, negou as informações. Segundo o secretário da Saúde do município, Marcelo Puzzi, “o lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá e sim erro no sistema do SUS”.

Porém,  a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo confirmou cerca de 4.000 doses ministradas após validade. A pasta disse que “orienta os municípios sobre a aplicação da vacinação contra a Covid-19 e a importância da verificação da data de validade antes do uso do frasco de uma vacina, inclusive com documentos técnicos com todas as condutas necessárias. Todas as grades são distribuídas dentro do prazo de validade”.

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De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, quem tomou imunizante vencido precisa se revacinar pelo menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente.
As vacinas desses lotes foram distribuídas de janeiro a março pelo governo federal para todos os estados do país antes do vencimento. Elas somam quase 3,9 milhões de doses, das quais cerca de 140 mil não foram utilizadas dentro do prazo de validade. Dessas, até o dia 19 de junho, 26 mil tinham sido aplicadas já vencidas.