Presidente do Sindicato Rural avalia ano para o agro luverdense e diz esperar diálogo com futuro governo federal

Marcelo Lupatini acredita que Mato Grosso ter representante no Ministério da Agricultura é importante para o agro mato-grossense

Fonte: CenárioMT

IMG 1532 scaled
Foto: CenárioMT

2022 está chegando ao fim e não deve deixar muitas saudades ao agronegócio. Ao longo do ano os produtores rurais encararam uma série de desafios, entre eles os reflexos da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini, conversou com a reportagem de CenárioMT, onde avaliou o desempenho do agro no ano que se finda e o que se espera de 2023.

Em relação à pandemia, Lupatini lembra que setores da indústria sofreram com a pandemia, tendo que reduzir ou paralisar o ritmo de produção. Nesse contexto estão a indústria que fornece peças ou equipamentos agrícolas. O efeito para o produtor rural foi o aumento do custo operacional no campo. Já o conflito entre Rússia e Ucrânia refletiu nos preços de fertilizantes, elevando os preços dos insumos que são importados da Rússia.

O presidente do sindicato explica que a safra 2021/22 teve quebra em razão de uma anomalia no soja. Como a produtividade diminuiu, o produtor não quis arriscar na venda da oleaginosa. O preço, que no início da colheita não era tão atrativo, caiu ainda mais. “O produtor teve um custo acima da média histórica e a produção abaixo dessa média”, detalha. “Evitou vender porque estava colhendo mal, abaixo do que esperava. Esperou o melhor momento pra vender, mas quando finalizou a colheita e foi ao mercado o preço havia caído ainda mais, com uma oscilação muito rápida”, acrescentou.

Já a produção do milho safrinha foi considerada excelente, mas o produtor acabou vendo o preço cair em razão do excesso de oferta. “Mas com a produção acabou tendo uma margem de lucro historicamente boa”, disse Lupatini.

[Continua depois da Publicidade]

Anomalia

Algumas propriedades rurais já estão com as máquinas a campo, iniciando a colheita. O presidente do sindicato rural observa que, em razão da anomalia registrada nas lavouras na safra anterior, a expectativa é contar com uma safra sem perdas, como a anterior. “O produtor selecionou os materiais que no ano passado tiveram essa anomalia e evitou plantar eles. Parece que esses materiais novos não estão apresentando esse problema”, disse.

Lupatini lembra que na safra 2021/22 as plantas estavam mais bonitas que a safra atual. Contudo, algumas delas apresentaram o problema que resultou na quebra de produtividade. “Acho que teremos uma produção boa, mas a lavoura no ano passado estava mais bonita. A gente não sabe ainda”, explicou.

União e diálogo

Para o novo ano o agro segue apreensivo. O setor trabalhou pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro, mas o resultado nas urnas decepcionou. Apesar disso, o presidente do Sindicato Rural declara que o produtor tem que manter a união do segmento e apostar no diálogo. “É hora de nos mantermos mais unidos do que nunca, as entidades ainda mais fortes, porque vamos ter que conversar com o governo que tiver e mostrar o nosso lado, o que é bom para o agro, o que é bom para o país”, declarou.

Marcelo Lupatini lembra que o agronegócio vem auxiliando o país a manter a economia em alta. Atacar ou desenvolver políticas contra o segmento traz danos à própria economia. “Temos que mostrar, de maneira equilibrada, com muito bom senso, o que o agronegócio precisa pra ajudar o país”, avalia.

Ministério da Agricultura

Sobre a indicação de um mato-grossense para ocupar o Ministério da Agricultura, Lupatini considera importante a decisão. O nome mais forte hoje é de Carlos Fávaro, que já foi presidente da Aprosoja MT. Outro que corre por fora é Nilson Leitão, nome defendido pelo setor produtivo mato-grossense.

“Ouvi conversas de que poderia ser o Nilson Leitão ou o Carlos Fávaro. Torci para que fosse alguém aqui da região. O Leitão é um nome muito bom e o Fávaro, apesar de ter ido contra o produtor rural na campanha, conhece a nossa realidade, a gente tem um diálogo, tenho certeza que se ligar pra ele vai nos atender. É um alento ser uma pessoa daqui, se fosse de fora ia ser pior pra nós”, disse.

Lupatini reforça a importância do diálogo, mas deixa claro que sindicatos rurais e entidades, como a Aprosoja, vão defender os interesses do setor produtivo. “Acredito e espero que ele (Fávaro) vá tentar nos ajudar, porém, vamos esperar o que o PT vai querer impor. Esperamos que essas políticas mencionadas durante a campanha não sejam colocadas em prática, pois pode ser negativo pra economia, para as pessoas. Vamos dialogar, ver o que o produtor precisa”, conclui.

É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.