Líder indígena, cacique Raoni tem quadro de saúde estável após ser internado com hemorragia digestiva em MT

Fonte: Flávia Borges, G1 MT

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Cacique Raoni — Foto: Divulgação/Assessoria

O quadro de saúde do cacique Raoni Metuktire – símbolo internacional da preservação dos direitos indígenas – é estável, conforme boletim médico divulgado neste domingo (19).

Ainda de acordo com o boletim, uma úlcera é o motivo provável para a hemorragia digestiva que causou a internação do cacique na última quinta-feira (16). Ele ainda fará exames para confirmar o diagnóstico.

O cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, líder da etnia Kayapó, foi transferido de avião neste sábado (18) para o município de Sinop, no norte de Mato Grosso, onde ficará internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital.

Ele estava internado em um hospital de Colíder, a 648 km de Cuiabá, depois que passou mal. Raoni é conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas.

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O cacique Raoni, 89 anos, é um reconhecido ambientalista e defensor dos direitos dos povos indígenas e o mais antigo líder do grupo Kayapó, que vive em aldeias espalhadas nos estados do Mato Grosso e Pará. Sua incansável luta por demarcação de terras e proteção da Floresta Amazônica o levou a ganhar o respeito e admiração não apenas de seu povo, mas de todas as comunidades indígenas brasileiras, além de chefes de estado estrangeiros, como Emmanuel Macron e ambientalistas.

Raoni Metuktire nasceu por volta de 1930 e seu primeiro contato com homens brancos aconteceu em 1954. Ele ganhou projeção internacional nos anos 1980, liderando uma campanha global ‘Save de Rainforest’ (Salve a Floresta), juntamente com o músico Sting. Eles visitaram 17 países de abril a junho de 1989. A campanha foi muito bem sucedida e deu ao cacique Raoni a oportunidade de aumentar a conscientização mundial sobre desmatamento. Doze fundações para proteção da Floresta foram criadas para angariar fundos para a criação de uma reserva contínua abrangendo a Bacia do Alto e Médio Rio Xingu, entre o Mato Grosso e o Pará.

O sonho de Raoni era unir cinco territórios demarcados – Baú, Kayapó, Panará, Capoto/Jarina, Bàdjumkôre com o Parque Nacional do Xingu se realizou em 1993. As terras do Xingu foram unificadas, criando uma das mais importantes reservas florestais do planeta, com 280.000 km² – área superior ao Reino Unido.

Em 2010, Raoni saiu de sua aldeia, mais uma vez, para lutar pelos direitos dos povos indígenas. Ele opôs veementemente a construção da hidrelétrica de Belo Monte, um projeto que devastou uma extensa área de floresta, deslocou milhares de pessoas e afetou a sobrevivência de povos tradicionais que dependem do rio Xingu.

O comprometimento e determinação do cacique Raoni para defender os direitos dos povos indígenas é interminável. Em janeiro, ele realizou um evento histórico que reuniu na aldeia Piaraçu, mais de 600 representantes de 47 etnias indígenas para implementar uma estratégia de resistência contra a politica de desmatamento do atual governo brasileiro.

Mais que um embaixador que representa a proteção da Floresta Amazônica e seus habitantes tradicionais, Raoni é ‘um símbolo vivo da luta pela proteção do meio ambiente’, como disse uma vez o ex-presidente francês Jacques Chirac. O cacique foi nomeado para o Prêmio Nobel da Paz 2020.