Indígenas de Mato Grosso participam da Conferência do Clima na Polônia

Fonte: G1 MT

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Foto: Gustavo Santos/OPAN

Marta Tipuici e Juarez Paimy, das etinias Manoki e Rtikbaktsa, levam a voz dos indígenas do noroeste de Mato Grosso na Conferência do Clima, COP24, que reúne países para propor e alcançar metas de combate às mudanças climáticas. Embora o evento tenha como centro as reuniões oficiais entre os governos dos países participantes, também conta com espaços abertos para a participação da sociedade civil, para a divulgação de estudos científicos, lançamento de materiais.

Desde seu início, em 1992 os povos indígenas têm participado da conferência e em 2001 passaram a ter o direito de fazer declarações aos participantes dos Estados e a capacidade de ter salas de reunião privadas.

Este reconhecimento ocorreu porque os povos indígenas, apesar de serem atores fundamentais na preservação da natureza, são os que vêm pagando o preço das alterações climáticas. Indígenas do Brasil relataram, no livro “Mudança climática e a percepção indígena” como tem pagado a conta deste fenômeno global.

A obra, com textos de autoria dos próprios indígenas, apresenta os conhecimentos que estes povos possuem da fauna, flora, chuva, frio, calor e o monitoramento, bastante atento, que eles fazem das alterações climáticas.

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“Quando eu era criança, meu avô ainda pegava trairão na ponte do córrego São Domingos, que passa no meio da aldeia Cravari. Muitas pessoas pescavam ali, tiravam seus alimentos desse córrego. Hoje virou história”, escreve Tipuici em seu texto.

Juarez Paimy também relata que “o nível das secas e enchentes varia muito de um ano para outro. Até o calendário de conhecimento tradicional para pesca e para plantio de roça, tem sofrido mudanças muito significantes. Os mais experientes e anciões dizem que o calor está excessivo, a terra está ficando muito quente e pode queimar ou assar todas as sementes e as mudas de várias espécies que plantamos nas nossas roças tradicionais”.