Homem que participou de chacina em Mato Grosso é preso 18 anos após o crime no Acre

Fonte: CENÁRIOMT

Polícia Civil e Polícia Militar fazem trabalho integrado para redução de crimes

O último foragido da Justiça, investigado por uma chacina ocorrida há 18 anos em Várzea Grande, foi preso pela Polícia Civil de Mato Grosso, nesta quarta-feira (09.02), em Rio Branco, capital do estado do Acre, com apoio da Polícia Civil daquele estado.

O homem de 55 anos, foi localizado após um trabalho investigativo realizado pelo Núcleo de Inteligência da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cuiabá (DHPP), que monitorou o foragido e passou os dados do paradeiro dele aos policiais civis do Acre, que efetuaram a prisão.

No momento da abordagem, o foragido apresentou documentos falsificados em nome de seu irmão. Conforme a investigação, ele já havia morado nas cidades de Brasiléia e Plácido de Castro, ambas no interior do Acre.

Ele era o único dos investigados pelo crime que ainda estava fora da prisão, desde o homicídio ocorrido em uma fazenda, às margens da BR-364, em 2004, quando quatro pessoas foram mortas por funcionários da propriedade. O caso ficou conhecido nacionalmente.

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Com esta última prisão realizada no Acre, todos os responsáveis pela chacina da Fazenda São João estão detidos.

Prisão no ano passado

Em abril de 2021, a DHPP, com apoio da Polícia Civil de Sergipe, prendeu outro foragido há 17 anos. Ele foi localizado na praia de Atalaia Nova, no município de Barra dos Coqueiros, onde estava residindo há quatro anos. Conforme a polícia sergipana, no momento da prisão, o assassino apresentou diversos documentos falsos e confessou que os adquiriu para tentar fugir da polícia.

Chacina

O quádruplo homicídio ocorreu em março de 2004 em uma fazenda localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.

A DHPP identificou oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade, que foram indiciados por homicídio qualificado (cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa), ocultação de cadáver e formação de quadrilha. O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça ainda em 2004.

As vítimas foram mortas por funcionários da fazenda. Uma vítima foi morta por disparo de arma de foto e três delas foram amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento. Depois de mortos, os quatro tiveram os corpos jogados em diferentes pontos, em uma área da localidade de Capão das Antas, a fim de dificultar o trabalho investigativo da polícia.

O inquérito conduzido à época pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do sábado de 20 de março. Conforme a investigação, os amigos teriam ido ao local na intenção de pescar para consumo de suas famílias, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

Como os quatro não retornaram para casa, no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e teve início a busca pelas vítimas. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda. Após diversas buscas, os corpos foram localizados em uma área fora da fazenda, a fim de ocultar o crime e dificultar a investigação.

De acordo com depoimentos colhidos pela DHPP, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes no final da tarde do sábado, pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen feito por um dos seguranças.

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As outras três vítimas foram rendidas e então o segurança, que foi preso agora em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que “três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o coro das que estavam vivas”.

As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004, por solicitação do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Os dois envolvidos confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.