Fuga de presos em Nova Mutum reacende alerta quanto as condições das unidades no interior do Estado

Em 2015, a fuga de 27 detentos após agentes penitenciários à época serem dopados, repercutiu no noticiário nacional e internacional.

Fonte: Cenário MT

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Foto: Divulgação SBT Nova Mutum

A fuga de 10 detentos da cadeia pública de Nova Mutum-MT, durante a madrugada desta sexta-feira (29) reacendeu novamente alerta quanto às condições precários do prédio onde funciona a unidade prisional. Diversas unidades distribuídas no interior de Mato Grosso também sofrem com as más condições estruturais.

De acordo com a presidente, em substituição, do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso – SINDSPEN/MT, Jacira Maria da Costa Silva, o prédio da cadeia de Nova Mutum é antigo, construído ainda na década de 80 e passou por diversas adequações, não tendo mais condições de segurança para abrigar os cerca de 80 detentos no local.

“Naquele local funcionou uma biblioteca, logo depois como delegacia e somente depois que o prédio foi adaptado para funcionar como uma cadeia pública” comentou.

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“Sem estrutura! O local já passou por várias reformas e não tem as estruturas de definições de acordo com Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias, que discorrem sobre como essas estruturas devem ser para dar uma segurança maior à sociedade” acrescentou Jacira.

Assim com em Nova Mutum, várias cadeias públicas em Mato Grosso, sofreram processo de transformação. O espaço onde antes funcionavam delegacias, hoje são cadeias. “E no geral essas adaptações não suportam mais a tanta tecnologia que o preso adquiriu”.   

Em especial, a cadeia pública de Nova Mutum recentemente passou por um surto onde praticamente todos os servidores e detentos foram contaminados pelo novo coronavirus (Covid-19).

“E temos um número muito baixo de efetivo nesta unidade e constantemente necessita de apoio. E nós, somo contrários a esse apoio, pois desde o início da pandemia nós temos conversado com os gestores, inclusive fizemos pedido até para o Comitê de Enfrentamento a Pandemia, onde nós solicitamos que fosse implementada a jornada voluntária, até mesmo para que os servidores dessa unidade pudesse dar o reforço”, frisou a presidente do SINDSPEN, relatando que essa movimentação de Policiais Penais de um município para outro, pode agravar a situação de contaminação pela Covid e principalmente “chegar a esse ponto de ter esse túnel cavado e resultar em fugas. Isso coloca os servidores e a sociedade em risco. Mais um vez, a falha é do Estado, pois os gestores tiveram tempo suficiente de criar um protocolo para implementar a jornada voluntária, que geraria maior número de policiais penais por plantão”.

Jacira lembra que os policiais penais lotados em Nova Mutum merecem respeito e devem ser parabenizados por fazerem o possível para manter a ordem na cadeia local.

“A cadeia de Nova Mutum já esteve no cenário nacional e internacional como uma má vitrine e agora volta a ser destaque”, pontou ao relembrar da fuga ocorrida em 2015, quando 27 presos fugiram após agentes penitenciários na época serem dopados por duas mulheres, que abriram todas as celas da unidade.

“Volto a repetir! Isso é falta de gestão, pois se os gestores aqui de cima, dentro de seus gabinetes, não conseguem dar atenção às cadeias pequenas. O que fazem, sem nenhum estudo, é fechar unidades e colocam servidor que fez concurso, que estudou e que tem sua familiar enraizada naquela cidade em uma situação desnorteada. Nossos gestores precisam se comprometer, o Estado precisa olhar melhor os seus servidores, principalmente os da execução na ponta, pois são eles quem sofre as intempéries da falta de efetivo que leva a fuga, e essa fuga leva a sociedade ao perigo”, concluiu Jacira Maria.

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