O agronegócio brasileiro ultrapassou R$ 1 trilhão em demanda por crédito em 2024, conforme dados do Boletim de Finanças Privadas do Agro do Ministério da Agricultura e Pecuária. O volume expõe a relevância econômica do setor e destaca um desafio histórico: o acesso desigual ao capital, ainda concentrado em grandes produtores.
Nesse cenário, o país presencia o crescimento das agfintechs — startups que unem tecnologia e finanças para atender às demandas do campo. Segundo o Radar Agtech Brasil 2024, o Brasil soma 97 agfintechs, um aumento de 14,1% em relação a 2023. Essas empresas oferecem soluções como CPR digital, crédito peer-to-peer, seguros paramétricos e gestão integrada de risco, ampliando o crédito para pequenos produtores e cooperativas.
Além das agfintechs, o mercado de capitais se consolida como alternativa para o financiamento rural. Desde 2022, a Resolução CVM 88 permite ofertas públicas de até R$ 15 milhões em plataformas de investimento coletivo. Esse modelo viabiliza CRAs pulverizados, Notas Comerciais lastreadas em recebíveis rurais e CPRs, democratizando o acesso ao capital.
A mudança no perfil dos investidores também marca esse movimento. Mais do que rentabilidade, há busca por impacto socioambiental, com foco em agricultura regenerativa, rastreabilidade de alimentos e projetos de descarbonização. Essa tendência fortalece a visão de um agro inovador e responsável, atraindo aportes de investidores institucionais e pessoas físicas.
Para os próximos anos, a expectativa é de bilhões em investimentos em tecnologias como inteligência artificial no campo, biológicos, monitoramento climático, agroflorestas e plataformas digitais de crédito e seguro rural. O Mato Grosso, por sua vocação agrícola, integra essa transição rumo a um modelo produtivo mais tecnológico e sustentável.
