Em quase sete anos, Rondonópolis registrou 20 casos de feminicídio, conforme levantamento do Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso. Só no primeiro semestre de 2025, foram dois crimes, igualando o total de todo o ano de 2024.
Os dados mostram que a maior parte das vítimas foi morta em casa por companheiros, ex-parceiros ou familiares. Dos 20 casos, 7 ocorreram na residência das vítimas, enquanto outros foram registrados em vias públicas, comércios ou locais não especificados.
As estatísticas revelam ainda que 32 crianças ficaram órfãs em decorrência dos crimes. A maioria das vítimas tinha entre 35 e 39 anos. Em termos de autoria, 7 feminicídios foram cometidos por companheiros, 2 por ex-namorados, 1 por ex-companheiro, 1 por namorado, 3 por familiares e outros por pessoas sem vínculo ou não identificadas.
O relatório aponta que 14 vítimas não tinham boletim de ocorrência registrado contra os autores e 17 não possuíam medida protetiva. Somente quatro tinham registro policial e três contavam com medidas protetivas em vigor.
As principais motivações mapeadas foram menosprezo ou discriminação (6 casos), ciúme e machismo (5), discussões (3), separação (2) e vingança (1), enquanto outros permanecem sem causa definida.
Entre os casos mais recentes, destaca-se o assassinato de Yasmin Farias Cardoso, de 27 anos, morta a facadas em março de 2025 por seu ex-namorado, que se suicidou após o crime. Ela havia registrado boletim de ocorrência e tinha medida protetiva, chegando a acionar o botão do pânico sem conseguir evitar o homicídio.
O Observatório Caliandra, lançado em março de 2024, ultrapassou 15 mil acessos e mais de 1.700 novos usuários, consolidando-se como uma ferramenta de transparência e combate à violência de gênero, reunindo dados sobre feminicídios, medidas protetivas e informações de apoio a vítimas e familiares.
