Pesquisa revela que menos de 40% dos alunos valorizam professor

Levantamento nacional com mais de 2,3 milhões de estudantes mostra desafios nos anos finais do ensino fundamental e a percepção dos jovens sobre a escola e os professores.

Fonte: CenárioMT

Pesquisa revela que menos de 40% dos alunos valorizam professor
Pesquisa revela que menos de 40% dos alunos valorizam professor - Foto: Seduc-Ceará

Uma pesquisa inédita sobre os anos finais do ensino fundamental, que abrangem do 6º ao 9º ano, revelou que menos de 40% dos alunos respeitam e valorizam os professores. O estudo ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em 21 mil escolas de todo o país, buscando subsidiar a criação da primeira política nacional voltada para esta etapa educacional.

Embora mais da metade dos alunos se sinta acolhida pela escola, os dados evidenciam desafios na relação aluno-professor. O levantamento é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC), o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Itaú Social, realizado durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas, que mobilizou 46% das instituições de ensino de anos finais em redes municipais, estaduais e distrital.

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Segundo Katia Schweickardt, secretária da Educação Básica do MEC, a escuta dos adolescentes permite compreender que cada estudante aprende de forma diferente, exigindo adaptações nas salas de aula e preparação de professores, equipamentos escolares e comunidades para lidar com perfis variados de alunos.

A pedagoga Tereza Perez, da Roda Educativa, alerta que a tentativa de homogeneizar a aprendizagem negligencia a diversidade das salas de aula, o que pode gerar reprovação, evasão e abandono escolar.

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Percepção dos alunos

O estudo dividiu os alunos em dois grupos: 6º e 7º anos e 8º e 9º anos. Estudantes mais velhos apresentaram uma visão menos positiva da escola em relação aos mais novos. A pesquisa avaliou opiniões sobre conteúdos para desenvolvimento pessoal, atividades essenciais para o futuro, convivência e formas de aprendizagem.

Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, ressaltou que o Brasil carecia de políticas voltadas para a adolescência escolar e que o MEC, por meio do projeto Escola das Adolescências, passou a dialogar com estudantes, gestores, sociedade civil e organismos internacionais para criar políticas inclusivas.

Acolhimento e socialização

Nos aspectos de acolhimento, 66% dos alunos mais novos se sentem acolhidos pela escola, enquanto entre os mais velhos esse índice cai para 54%. Em termos de confiança em adultos na escola, 75% dos estudantes do 6º e 7º anos confiam em pelo menos um adulto, mas apenas 58% sentem-se verdadeiramente acolhidos. Entre os alunos do 8º e 9º anos, o percentual de acolhimento é de 45%.

Quanto à socialização, 65% dos mais novos afirmam que a escola favorece amizades, enquanto 55% dos mais velhos compartilham dessa opinião. O estudo destaca que apenas 39% dos alunos do 6º e 7º anos e 26% dos do 8º e 9º anos valorizam os professores, mostrando a necessidade de maior aproximação entre estudantes e docentes.

Formação e conteúdos

Os estudantes mais novos consideram mais importantes as disciplinas tradicionais (48%), seguidas pelo desenvolvimento socioemocional (31%), habilidades para o futuro (21%) e direitos e sustentabilidade (13%). Entre os alunos mais velhos, o percentual para disciplinas tradicionais é de 38%, seguido por corpo e socioemocional (29%), habilidades para o futuro (24%) e direitos e sustentabilidade (13%).

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Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.