Cerca de 13 mil hectares foram desmatados na Terra Indígena Kawahiva em Mato Grosso

Fonte: CENÁRIOMT

Cerca de 13 mil hectares foram desmatados na Terra Indigena Kawahiva em Mato Grosso
Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

Um levantamento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) revelou que aproximadamente 13,7 mil hectares da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, localizada na Terra Indígena Kawahiva do Rio Prado, em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá, já foram desmatados. Essa área é alvo de invasões desde 2008, e os invasores têm explorado madeira de forma ilegal.

Na última quarta-feira (13), a Defensoria Pública da União (DPU) tomou medidas para lidar com essa situação preocupante, pedindo ao governo de Mato Grosso que remova imediatamente os invasores que estão realizando atividades ilegais de desmatamento e exploração de madeira na Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que tem realizado operações constantes na região, incluindo o monitoramento por imagens de satélite, apreensão de máquinas e o embargo de áreas. Essas ações já resultaram na aplicação de multas no valor de R$ 152,4 milhões por crimes ambientais somente este ano. Além disso, a Sema-MT destinou R$ 702,8 mil para a construção de postos de fiscalização na reserva, a cargo do Conselho de Segurança Pública de Colniza.

De acordo com dados da Funai, somente em 2020, mais de 3,8 mil hectares da reserva foram desmatados. A Sema-MT embargou cerca de quatro mil hectares, enquanto o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) embargou outros seis mil hectares.

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Para enfrentar esse desafio, foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de cumprir as notificações pendentes na reserva. Uma das propostas é estabelecer um ponto de controle contínuo na Rodovia 206 para impedir a entrada e saída de pessoas e materiais, como madeira. Além disso, planeja-se manter uma base com oito policiais plantonistas no local, com revezamento a cada 15 dias, durante seis meses, a fim de garantir a segurança.

A promotoria de Justiça enfatizou a importância de priorizar questões relacionadas à invasão, desmatamento e extração ilegal de madeira na região. Segundo a Justiça, é fundamental realizar a desintrusão das florestas públicas, e um inquérito policial será instaurado na Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) para investigar a possível participação de organizações criminosas no desmatamento ilegal.

Essa não é a primeira vez que a Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo enfrenta invasões. Em 2018, um grupo de invasores chegou a construir casas na área, sendo posteriormente retirado por uma ação do Ibama. No ano passado, a Força Nacional de Segurança Pública foi mobilizada para proteger os povos Kawahiva e Piripkura, que estavam sob ameaça de madeireiros e grileiros.

Apesar de a área ter sido declarada como posse permanente do povo Kawahiva pelo Ministério da Justiça em 2016, a Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo continua sendo alvo de invasões ilegais, representando um desafio significativo para as autoridades e os indígenas que habitam a região.

Redatora do portal CenárioMT, escreve diariamente as principais notícias que movimentam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Já trabalhou em Rádio Jornal (site e redação).