Agricultor desenvolve ‘engenhoca’ e dobra sua produção de farinha de babaçu (VÍDEO)

Ele acoplou uma lixadeira para materiais metálicos à uma panela de pressão doméstica. Já a lâmina, ele retirou de uma roçadeira de cortar capim

Fonte: CenárioMT com Marcio Camilo REM MT/ SEMA MT

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A 86 km de Cuiabá, na comunidade de Agrovila da Palmeiras, distrito de Santo Antônio do Leverger-MT, vive o agricultor familiar Ricardo da Silva. Certo dia, ele reparou que sua esposa, a também agricultora Joalice da Silva, não parava de quebrar os liquidificadores da casa ao triturar o coco de babaçu, na produção de farinha do casal. “Nessa brincadeira, ela rachou a tampa e quebrou a lâmina de pelo menos seis liquidificadores”, recorda o agricultor.

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Vendo o perrengue que a esposa passava para quebrar o coco do babaçu, que possui uma casca densa e muito dura, Ricardo teve a ideia de criar uma máquina que tivesse potência suficiente para triturar o coco, sem ser danificada. Com isso em mente, ele acoplou uma lixadeira para materiais metálicos à uma panela de pressão doméstica, usada para cozinhar alimentos. Já a lâmina, ele retirou de uma roçadeira de cortar capim.

“Um dia eu peguei a lixadeira pra cortar uns vergalhão lá em casa, e aí eu pensei: rapaz! dessa lixadeira eu transformo um liquidificador. E aí eu fui matutando e veio a panela de pressão! Pensei: ‘se eu cortar o fundo dessa panela, furar e colocar na medida certa, pegar a lixadeira e acoplar embaixo, fazer o suporte para ela ficar fixa, no interior da panela eu consigo fazer a lâmina e encaixar no bico da lixadeira. Cortei a faca de uma roçadeira, remodelei ela e fiz uma lâmina de acordo com o tamanho da panela. E rapaz! Você precisa ver o desempenho. Até eu não acreditei que fiz uma engenhoca dessas”, comentou orgulhoso o agricultor.

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E o desempenho da máquina se traduz no aumento da produção de farinha de babaçu da família, como explica Ricardo.

“Quando a gente trabalhava batendo no liquidificador, o máximo que a gente conseguia fazer de farinha era uns três quilos. Hoje, nós produzimos até 10 quilos por dia de farinha de babaçu. E o óleo do fruto, antes, a gente fazia 500ml. Hoje, a gente já consegue fazer 5 litros, com a ajuda dessa máquina”, frisou o inventor.

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A notícia da engenhoca se espalhou, fazendo um tremendo sucesso entre as demais famílias extrativistas de babaçu da comunidade Agrovila dos Palmares. “Eu fiz uma batedeira também para a Maria Asao [vizinha]. Só que a dela é bem maior do que a minha. Ela comprou uma lixadeira industrial, que eu acoplei em uma panela de 10 litros. A produção dela é o dobro da minha família. Você precisa ver a potência da máquina dela”, comenta Ricardo.

Apoio

A invenção foi apresentada durante a oficina de mapeamento das cadeias de valor dos produtos da sociobiodiversidade , organizada pelo Programa REM MT. A comunidade de Ricardo é apoiada pelo REM MT, por meio da Cooperativa da Agrovila das Palmeiras. A organização está inserida na Chamada de Manifestação de Interesse do Subprograma Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs) do REM MT, que tem o objetivo de beneficiar a produção de 7 mil famílias situadas em todas as regiões de Mato Grosso. Mais de R$ 23 milhões são investidos pelo REM MT na ação.

Inclusive, a falta de equipamento adequado para quebrar o babaçu é uma das demandas da cooperativa, que agora, a partir do apoio do REM MT, contará com recursos para comprar a ferramenta.

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É formado em Jornalismo. Possui experiência em produção textual e, atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT produzindo conteúdo sobre política, economia e esporte regional.