Quais são os rumos da Safra 2022/23?

Entenda sobre o enfraquecimento do fenômeno La Niña e quais são os alertas para o final da safra verão.

Fonte: ClimaTempo

ibge estima safra recorde de 263 4 milhoes de toneladas em 2022
© CNA/ Wenderson Araujo/Trilux

A safra que começou com muita chuva entre o Norte o Nordeste e irregularidade no centro-sul, deve terminar sob transição do fenômeno La Niña para Neutralidade Climática. O La Niña, que persiste desde a segunda semestre de 2020, passou por um breve período de enfraquecimento durante o último inverno e voltou a ficar mais estabelecida durante a primavera, provocando efeitos mais efetivos e clássicos na distribuição das chuvas sobre o Brasil entre novembro e dezembro. Porém, as últimas atualizações oceânicas mostram que o fenômeno já está entrando em fase de enfraquecimento e as previsões indica que no trimestre entre janeiro e março ocorrerá a transição para neutralidade Climática com isso seus efeitos passam a ser menos efetivos. Outras oscilações de menor escala passam a ter influência e o padrão de distribuição das chuvas deve começar a mudar no Brasil.

MUDANÇA DE PADRÃO DAS CHUVAS SOBRE O BRASIL

O padrão deve começar a mudar na virada de 2022 para 2023. Padrões típicos de bloqueios atmosféricos vão ser favorecidos o ao longo de janeiro entre o Sul e o Sudeste, por isso a umidade tende a migrar para o centro-sul do País, onde as chuvas devem ocorrer de forma mais regular e devem beneficiar lavouras de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e até mesmo norte do Rio Grande do Sul, áreas que vem enfrentando bastante irregularidade entre novembro e dezembro. Áreas da faixa oeste do Brasil também devem receber mais regulares, com volumes próximos da normalidade, como é o caso do oeste de Mato Groso e Rondônia, áreas que também apresentaram muita irregularidade na distribuição das chuvas e volumes abaixo da média em novembro e início de dezembro. Em contrapartida as chuvas reduzem nas áreas entre o Sudeste, Matopiba e Goiás, áreas que se encontram com o solo bastante enxarcado, devido às fortes precipitações dos últimos períodos.

ALERTAS PARA O FINAL DA SAFRA VERÃO

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  • Risco para as lavouras do Rio Grande do Sul: apesar da umidade aumentar sobre o centro-sul do país a partir de janeiro, as chuvas ainda não devem se regularizar sobre todo o Estado e principalmente o centro, sul e a fronteira oeste devem continuar com maior restrição hídrica e com temperaturas muito elevadas que devem impactar tanto lavouras de soja quanto de milho. O milho, que está em fase mais adiantada e já apresenta desenvolvimento muito irregular, deve ter sua produtividade na primeira safra mais impactada;
  • Chuvas acima da média previstas para áreas entre o Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo entre janeiro e fevereiro, apesar de melhorar as condições das lavouras a curto prazo, podem impactar as atividades de colheita da soja no final da safra;
  • No interior do Matopiba, a redução acentuada das chuvas entre janeiro e fevereiro pode afetar a fase de enchimento de grãos nas lavouras de soja.

O QUE ESPERAR PARA O MILHO 2ª SAFRA

Com a transição do fenômeno La Niña para neutralidade climática prevista para o início de 2023, reduz o risco para o corte mais cedo das chuvas no interior do Brasil durante o próximo ano. Um dos riscos associados a La Niña é o encurtamento do período chuvoso, principalmente sobre o centro-sul País. Mas com o fenômeno perdendo força rapidamente no início do ano, as previsões indicam que haverá a presença de umidade e condições para ocorrência de chuvas entre março e abril entre o Paraná, Sudeste e Centro-Oeste, o que deve manter as condições favoráveis para o milho sobre grande parte das áreas produtoras da segunda safra.

Um ponto que é necessário ter atenção, é o risco de frio mais cedo no outono de 2023. Mesmo com a La Niña terminando, o processo de transição é lento e como o período de atuação do fenômeno foi prologado, ainda entraremos no outono com uma atmosfera com características frias e por isso há risco para ondas de frio mais intensas e mais cedo atuando especialmente no Sul do brasil. As previsões indicam que abril deve começar a registrar temperaturas baixas e em maio o frio tende a se acentuar.  Para falar sobre a previsão de geada, que é um fenômeno com previsibilidade de curtíssimo prazo, ainda é muito cedo, mas não dá para descartar o risco sobre áreas produtoras do Sul a partir do mês de maio.

 

Atualmente, trabalha na equipe do portal CenárioMT, produzindo conteúdo sobre economia, esportes e direitos da população brasileira, gosta de assistir séries, filmes de ação e de videogames. Editor também em conteúdos regionais, sempre atento as tendências que o internauta procura para ficar bem informado.