A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em dez gabinetes da Assembleia Legislativa do Tocantins nesta quarta-feira (3). A ação, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), faz parte da segunda fase da Operação Fames-19, deflagrada em Palmas e em outras cidades como Araguaína (TO), João Pessoa (PB), Imperatriz (MA) e no Distrito Federal.
Segundo a PF, a nova etapa busca aprofundar as investigações sobre o desvio de recursos destinados ao combate à pandemia de covid-19, incluindo suposto uso de emendas parlamentares e recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos. Como resultado, o STJ determinou o afastamento do governador Wanderley Barbosa do cargo por seis meses.
Os mandados atingiram gabinetes de nomes de destaque da Casa, entre eles o presidente Amélio Cayres (Republicanos), o 1º vice-presidente Léo Barbosa (Republicanos), o 2º vice-presidente Cleiton Cardoso (Republicanos) e o 1º secretário Vilmar de Oliveira (Solidariedade). Também foram alvo Claudia Lelis (PV), Ivory de Lira (PCdoB), Jorge Frederico (Republicanos), Nilton Franco (Republicanos), Olyntho Neto (Republicanos) e Valdemar Júnior (Republicanos).
Em nota, a Assembleia afirmou que houve “colaboração total e irrestrita ao STJ e à Polícia Federal”, disponibilizando documentos e equipamentos solicitados. A Casa informou ainda que não teve acesso aos autos e não foi intimada sobre decisão judicial relacionada ao caso.
Governador afastado
Wanderley Barbosa, no comando do Executivo desde 2021 após a saída de Mauro Carlesse, foi afastado por suspeita de envolvimento em irregularidades na compra de cestas básicas entre 2020 e 2021. Segundo a investigação, o governo teria pago mais de R$ 97 milhões em contratos, gerando prejuízo estimado em R$ 73 milhões aos cofres públicos. Os recursos desviados teriam sido usados para a compra de gado, imóveis de luxo e despesas pessoais.
O governador afastado alega que, no período dos fatos, ocupava a vice-governadoria e não tinha responsabilidade sobre as despesas investigadas. Em nota, disse ter determinado auditoria nos contratos e afirmou que recorrerá para retomar o cargo. “Enfrentarei essa injustiça para assegurar a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população”, declarou.