PF terá atuação conjunta condicionada a pedido de governador em projeto antifacção

Relatoria do deputado Guilherme Derrite condiciona a atuação integrada da Polícia Federal com forças estaduais à solicitação formal do chefe do Executivo estadual.

Fonte: CenárioMT

PF terá atuação conjunta condicionada a pedido de governador em projeto antifacção
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O parecer apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP) ao projeto de lei Antifacção estabelece que a atuação conjunta da Polícia Federal com as polícias estaduais contra facções criminosas dependerá de um pedido formal do governador do estado.

O texto prevê que, em casos com repercussão interestadual ou transnacional, ou que possam afetar a segurança nacional, o Ministério da Justiça poderá autorizar a cooperação entre as forças policiais, desde que haja a provocação do governo estadual.

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Derrite, atualmente afastado do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo, assumiu a relatoria do PL 5.582 de 2025, em discussão na Câmara. A proposta gerou divergências entre especialistas e entidades do setor.

Para o pesquisador Rodrigo Azevedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a medida limita a atuação da Polícia Federal no enfrentamento ao crime organizado. Ele afirma que a exigência de autorização estadual pode criar entraves e reduzir a segurança jurídica nas operações.

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Segundo Azevedo, o mecanismo vai na contramão de iniciativas que buscam ampliar a integração entre os órgãos de segurança, como previsto na PEC da Segurança.

Já o presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Rodolfo Laterza, avalia que a mudança não inviabiliza o trabalho da PF. Para ele, o texto fortalece a cooperação ao evitar sobreposição de investigações entre as esferas estadual e federal.

Repercussão política

O líder do PT na Câmara, deputado Lindberg Farias (PT-RJ), afirmou que a proposta pode reduzir a efetividade de operações da PF contra redes de lavagem de dinheiro ligadas ao crime organizado. Ele argumenta que o projeto enfraqueceria a autonomia investigativa prevista na Constituição.

Derrite, por sua vez, defende que o parecer busca enfrentar a impunidade e tornar as ações mais coordenadas, especialmente no combate a lideranças de facções.

Debate no Congresso

A escolha de Derrite para relatar o projeto levou a tensões entre parlamentares governistas e o presidente da Câmara, Hugo Motta. A indicação foi interpretada por alguns como um gesto político, mas Motta sustenta que a segurança pública deve ser tratada como tema suprapartidário.

Ele afirma que o projeto preserva avanços propostos pelo governo federal e incorpora contribuições discutidas no Congresso, buscando equilibrar cooperação federativa e soberania institucional.

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Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.