Deputados e senadores da oposição passaram a madrugada desta quarta-feira (6) nos plenários da Câmara e do Senado para manter a ocupação das mesas diretoras e impedir o início das atividades legislativas. O grupo, majoritariamente do Partido Liberal (PL), protesta contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda-feira (4).
Os parlamentares se revezaram durante a madrugada para manter a ocupação. A ação busca pressionar o Congresso a pautar dois temas centrais: uma anistia geral aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro.
De acordo com a denúncia, o ex-presidente teria liderado uma articulação para reverter o resultado das eleições de 2022 com apoio de setores militares, além de planejar ações contra autoridades públicas. Tanto Bolsonaro quanto os demais investigados negam as acusações.
Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, foi um dos que permaneceu no Senado durante a madrugada. Segundo ele, o protesto visa colocar em pauta temas de interesse nacional. O senador também mencionou que o julgamento contra Bolsonaro estaria entre os fatores que levaram os Estados Unidos a impor tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras.
Por outro lado, parlamentares da base governista classificaram a ocupação como uma ameaça institucional. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), criticou a ação e afirmou que ela bloqueia a votação de pautas importantes, como a isenção do Imposto de Renda.
Na terça-feira (5), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um projeto que isenta do IR quem recebe até dois salários mínimos. A proposta, que substitui a Medida Provisória 1.294 de 2025, aguarda agora votação em plenário. Outro projeto semelhante, que beneficia contribuintes com rendimentos de até R$ 5 mil, também está parado.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), cancelou a sessão de ontem e convocou uma reunião de líderes para esta quarta-feira. Ele defendeu o diálogo como caminho para a retomada dos trabalhos. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a ocupação como algo “inusitado e alheio aos princípios democráticos” e também convocou reunião com lideranças partidárias.