Obstrução leva Hugo Motta a exigir respeito e criticar interesses pessoais

Após protestos da oposição, presidente da Câmara defendeu o regimento e pediu diálogo, reforçando que pautas individuais não devem se sobrepor ao interesse público.

Fonte: CenárioMT

06/8/2025 - Hugo Motta preside sessão plenária após obstrução do plenário da Câmara dos Deputados por parlamentares de oposição
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), abriu a sessão plenária na noite de quarta-feira (6), por volta das 22h30, após horas de obstrução conduzida por parlamentares da oposição. Durante seu pronunciamento, Motta criticou a postura dos deputados oposicionistas e ressaltou que manifestações devem respeitar o regimento da Casa.

“O que aconteceu entre o dia de ontem e hoje com a obstrução dos trabalhos não faz bem a esta Casa”, afirmou. “A oposição tem direito à manifestação, mas deve fazê-lo dentro dos limites da Constituição e do regimento. Não permitiremos que esses atos se sobreponham à vontade do Plenário.”

Os protestos começaram na terça-feira (5), em resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os oposicionistas também exigem a inclusão em pauta de uma anistia irrestrita aos condenados por tentativa de golpe de Estado, além do impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Hugo Motta fez um apelo à responsabilidade parlamentar. “Não podemos permitir que interesses pessoais, eleitorais ou projetos individuais se coloquem acima do povo brasileiro, que depende das nossas decisões.”

Ele reafirmou o compromisso com o diálogo e o respeito, mas deixou claro que a presidência da Câmara manterá a condução firme dos trabalhos. “Lutarei pelas nossas prerrogativas. O mandato se exerce com respeito ao direito à fala e à autoridade de quem preside esta Casa.”

Motta enfrentou dificuldades para assumir sua posição na Mesa Diretora ao chegar ao Plenário, bloqueado por deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Marcos Pollon (PL-MS). A sessão estava prevista para começar às 20h30, conforme decisão do Colégio de Líderes, mas a liberação do espaço pelos oposicionistas atrasou o início dos trabalhos.

Segundo nota da Secretaria-Geral da Mesa, ações que visem impedir as atividades legislativas podem resultar em representação ao Conselho de Ética, com pedido de suspensão cautelar de até seis meses por quebra de decoro parlamentar.

Outro ponto de tensão envolveu a presença da filha da deputada Júlia Zanatta (PL-SC) no plenário. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Reimont (PT-RJ), levou o caso ao Conselho Tutelar, alegando riscos à criança em um ambiente de instabilidade.

“Fui chamada pelos colegas e tive que vir com minha bebê. Será que vão nos tirar à força?”, questionou Zanatta, sentada na cadeira da presidência da Casa.

No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) anunciou que a sessão deliberativa de quinta-feira (7) será realizada de forma remota. A medida busca evitar a paralisação da pauta legislativa diante da obstrução promovida também naquela Casa.