MPF investiga uso de verbas em operação policial no Rio

O Ministério Público Federal solicita informações sobre a aplicação de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública em uma megaoperação que deixou mais de cem mortos no Rio de Janeiro.

Fonte: CenárioMT

MPF investiga uso de verbas em operação policial no Rio
MPF investiga uso de verbas em operação policial no Rio - Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) pediu esclarecimentos ao governo do Rio de Janeiro e à União sobre o possível uso de verbas do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) na operação realizada nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, que terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais.

O pedido, assinado pelo procurador da República Eduardo Benones, faz parte de um procedimento que acompanha a gestão dos recursos do fundo pelo estado, conforme determinações do Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas.

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A ação policial mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com o objetivo de cumprir mandados de prisão e de busca contra membros do Comando Vermelho, facção que controla áreas das comunidades da Penha e do Alemão.

Esclarecimentos solicitados

No despacho, o MPF pediu à Secretaria Nacional de Segurança Pública informações detalhadas sobre os repasses do FNSP ao estado do Rio de Janeiro, incluindo valores transferidos, instrumentos jurídicos utilizados, planos de aplicação e situação de execução de cada convênio.

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O órgão também quer saber se houve destinação de recursos federais para compra de equipamentos, veículos e câmeras corporais usados pelas forças de segurança, e se as normas de preservação das imagens foram devidamente seguidas.

O MPF ressaltou que o FNSP deve financiar ações de segurança pública voltadas à prevenção da violência, à inteligência policial e à redução da criminalidade e da letalidade, sendo vedado o uso dos recursos para despesas administrativas ou de pessoal.

Direitos humanos e transparência

O procurador Eduardo Benones destacou que a operação resultou em um número elevado de mortes e em relatos de uso excessivo da força, mutilações e possíveis execuções sumárias. Segundo ele, se as denúncias forem confirmadas, o caso poderá configurar violação grave de direitos humanos e gerar responsabilização internacional ao Estado brasileiro.

O MPF também investiga a perda de parte das imagens registradas pelas câmeras corporais dos policiais, supostamente devido ao descarregamento das baterias durante a ação. Para o órgão, essa falha compromete a transparência e o controle das operações, reforçando a importância de apurar a utilização dos recursos federais.

Benones lembrou ainda que o STF determinou, na ADPF 635/RJ, a adoção de medidas estruturais para garantir o uso proporcional da força e a preservação de provas, incluindo o monitoramento das operações e o controle rigoroso dos recursos aplicados em segurança pública.

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.