Mortes violentas caem no Brasil em 2024, mas feminicídios batem recorde

Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta queda nas mortes violentas, mas aumento alarmante nos feminicídios e crimes contra vulneráveis.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF) 11/02/2025 – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) assinou, nesta terça-feira (11), acordo de cooperação com a plataforma de entregas iFood para combater a violência contra a mulher. Foto
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O Brasil registrou 44.127 Mortes Violentas Intencionais (MVI) em 2024, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior, segundo a 19ª Edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta quinta-feira (24). A estatística inclui homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, mortes em intervenções policiais e de policiais.

Produzido por pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o relatório usa dados oficiais fornecidos por estados, polícias e órgãos federais. A diretora executiva da entidade, Samira Bueno, afirmou que a queda vem sendo registrada desde 2018, refletindo políticas públicas, prevenção à violência e mudanças demográficas e criminais. Apesar da tendência positiva, regiões do Nordeste permanecem com altos índices de homicídios devido a conflitos entre facções.

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O perfil das vítimas permanece inalterado: 91,1% eram homens, 79% negros e 48,5% com até 29 anos; 73,8% foram assassinados com arma de fogo e 57,6% estavam em via pública.

As cidades mais violentas com mais de 100 mil habitantes concentram-se no Nordeste. Maranguape (CE) lidera o ranking com 79,9 mortes por 100 mil habitantes, seguida por Jequié e Juazeiro (BA). Já os estados com as maiores taxas de MVI são Amapá (45,1), Bahia (40,6) e Ceará (37,5). São Paulo (8,2), Santa Catarina (8,5) e o Distrito Federal (8,9) apresentam os menores índices.

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Feminicídios e violência de gênero

O número de feminicídios aumentou 0,7% em 2024, com 1.492 mulheres assassinadas por sua condição de gênero — o maior índice desde o início da série histórica. Entre as vítimas, 63,6% eram negras, 70,5% tinham entre 18 e 44 anos e 64,3% foram mortas dentro de casa, majoritariamente por parceiros ou ex-parceiros (80%).

As tentativas de feminicídio subiram 19%, somando 3.870 registros. Houve também crescimento em crimes como stalking (18,2%) e violência psicológica (6,3%).

Violência contra crianças e adolescentes

O número de mortes violentas de pessoas entre 0 e 17 anos cresceu 3,7% em 2024, totalizando 2.356 vítimas. Outras infrações, como produção de material de abuso sexual infantil (+14,1%), abandono de incapaz (+9,4%), maus-tratos (+8,1%) e agressões por violência doméstica (+7,8%), também tiveram aumento.

Crimes sexuais

Sete dos 11 indicadores de violência sexual apresentaram crescimento. Foram registrados 87.545 casos de estupro e estupro de vulnerável — o maior número da série histórica. Uma mulher foi estuprada a cada seis minutos no Brasil em 2024.

Do total, 76,8% dos casos envolveram vulneráveis; 55,6% das vítimas eram negras e 65% dos crimes ocorreram dentro de casa. Familiares foram responsáveis por 45,5% dos casos e 20,3% dos agressores eram parceiros ou ex-companheiros.

Letalidade policial

As polícias brasileiras mataram 6.243 pessoas em 2024, o que representa 14,1% do total de mortes violentas do país. De 2014 a 2024, foram mais de 60 mil mortes atribuídas a ações policiais.

Em São Paulo, houve aumento de 61% na letalidade policial, impulsionado pela Operação Escudo e pelo fim das câmeras corporais. Santos e São Vicente lideram o índice, com 66,1% das mortes causadas por policiais.

As PMs mais letais do país foram as do Amapá (17,1 por 100 mil habitantes), Bahia (10,5) e Pará (7,0).

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Gabriela Cordeiro Revirth, independente jornalista e escritora, é uma pesquisadora apaixonada de astrologia, filmes, curiosidades. Ela escreve diariamente para o Portal de Notícias CenárioMT para partilhar as suas descobertas e orientar outras pessoas sobre esses assuntos. A autora está sempre à procura de novas descobertas para se manter atualizada.