Metade dos envolvidos com tráfico não conclui o ensino médio, aponta pesquisa

Estudo do Instituto Data Favela revela que apenas 22% dos entrevistados ligados ao tráfico de drogas completaram o ensino médio, destacando a desigualdade educacional.

Fonte: CenárioMT

Metade dos envolvidos com tráfico não conclui o ensino médio, aponta pesquisa
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um estudo realizado pelo Instituto Data Favela em 23 estados brasileiros revela que mais da metade dos envolvidos com o tráfico de drogas não conclui o ensino médio. A pesquisa, intitulada Raio-X da Vida Real, entrevistou 3.954 pessoas em favelas, entre agosto e setembro de 2025, destacando a baixa escolaridade como um fator marcante.

Os dados mostram que apenas 22% completaram o ensino médio, enquanto 16% não o finalizaram. O ensino fundamental incompleto atinge 35% dos entrevistados e 7% não têm instrução formal.

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Quando questionados sobre o que fariam de diferente em suas vidas, 41% afirmaram que teriam se dedicado mais aos estudos. Marcus Vinícius Athaye, copresidente do Data Favela, ressalta que o estudo é um fator decisivo na mudança de trajetória dessas pessoas.

O interesse por cursos superiores também foi levantado: Direito lidera, escolhido por 18% dos entrevistados, seguido por Administração (13%), Medicina e Enfermagem (11%), Engenharia e Arquitetura (11%) e Jornalismo/Publicidade (7%).

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Famílias

A pesquisa indica diversidade nos arranjos familiares. Enquanto 35% cresceram em famílias tradicionais, 38% vieram de famílias monoparentais, majoritariamente lideradas por mães. As figuras femininas, como mães, tias e avós, são as mais importantes para os entrevistados.

Sonho de consumo

Para 28%, o maior desejo é ter uma casa própria, e 25% desejam adquirir um lar para a família. Entre os jovens de 22 a 26 anos, 35% priorizam a segurança patrimonial familiar, valor que permanece alto mesmo em faixas etárias maiores. Cléo Santana, CEO do Data Favela, afirma que esse sonho é semelhante ao da população em geral.

Saúde mental

Problemas de saúde mental são frequentes: insônia (39%), ansiedade (33%), depressão (19%), alcoolismo (13%) e crises de pânico (9%). Entre os que sofrem de ansiedade, 70% ganham até um salário mínimo. A pesquisa também mostra que a ansiedade aumenta conforme o nível de escolaridade.

A entrada no crime está ligada a fatores econômicos, alcoolismo, drogas e violência doméstica. Bruna Hasclepildes, coordenadora do estudo, destaca que 68% dos entrevistados não sentem orgulho do que fazem e que a vida no crime reflete a ausência de políticas públicas e desigualdades históricas.

Problemas do Brasil

Segundo os entrevistados, os maiores problemas do país são pobreza e desigualdade (42%), corrupção (33%), violência (11%), falta de acesso à educação (7%) e à saúde (4%).

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Jornalista esportivo e entusiasta dos Esportes. Formado e pós-graduado. Fã de games online, e futebol internacional.