O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quarta-feira (17) a soberania do Brasil e criticou as tentativas de interferência do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi feita durante um evento em Juazeiro, na Bahia, após Trump impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e atacar o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nós não queremos brigar, mas nós não somos de fugir. O Brasil só tem um dono e o dono chama-se povo brasileiro”, afirmou Lula. O presidente reforçou que o país está aberto ao diálogo com os EUA, mas não aceitará imposições externas.
Em entrevista à CNN Internacional, Lula destacou que o governo americano condicionou a retirada das tarifas à interferência no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula foi enfático ao afirmar que o Judiciário brasileiro é independente e que o caso será decidido exclusivamente pela Suprema Corte.
“O Trump manda uma carta desaforada dizendo que, se não soltar o Bolsonaro, vai taxar o Brasil. Isso é um absurdo. O presidente não julga ninguém, quem julga é o STF. A lei vale para todos”, disse Lula, acrescentando que, se condenado, Bolsonaro deverá cumprir pena como qualquer cidadão.
Lula também revelou que está reunido com empresários para discutir estratégias de resposta às sanções. “No dia 16 de maio, mandamos uma carta ao governo americano e, até agora, só recebemos essa resposta agressiva. No dia 1º de agosto daremos uma resposta clara”, declarou.
Ao destacar os resultados econômicos de sua gestão, o presidente lembrou que as projeções pessimistas não se concretizaram. “Diziam que a economia cresceria 0,8% em 2023, e crescemos 3,2%. Em 2024, projetavam 1,5%, e já alcançamos 3,4%. E vamos continuar crescendo”, afirmou.
Durante o evento, o governo anunciou investimentos de R$ 6 bilhões em saúde pelo Novo PAC Seleções, beneficiando 90% dos municípios brasileiros. Foram entregues Unidades Odontológicas Móveis para cinco cidades baianas e anunciada a construção de três policlínicas no estado.
Ao todo, estão previstos 18,9 mil equipamentos e veículos para saúde, incluindo 800 Unidades Básicas de Saúde, 10 mil combos de equipamentos, 46 policlínicas, 400 UOMs e 7 mil kits de telessaúde. Também serão entregues 1.533 ambulâncias e 130 Centros de Atendimento Psicossocial.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu que prefeitos com obras paradas entrem em contato com o governo para viabilizar os projetos do PAC. “É essencial destravar esses recursos para garantir atendimento em saúde, educação e infraestrutura”, disse.
Por fim, Lula assinou projeto de lei que torna obrigatória a cirurgia reparadora de mama pelo SUS para mulheres com mutilações decorrentes do tratamento de câncer. O texto também obriga planos de saúde a oferecerem o procedimento nos casos de mutilação total ou parcial, e será encaminhado ao Congresso Nacional.