Juristas pedem que STF responsabilize Eduardo Bolsonaro por atuação nas sanções

A ABJD acionou o STF para cobrar medidas contra omissões do Estado diante de sanções dos EUA e responsabilização de Eduardo Bolsonaro.

Fonte: CenárioMT

Brasília (DF) 11/04/2023 Fachada do palácio do Supremo Tribunal Federal (STF) Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que visa conter a omissão do Estado diante das recentes sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.

O foco da ação inclui a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado como um dos articuladores das medidas norte-americanas, que teriam como alvo autoridades brasileiras e setores estratégicos da economia nacional.

Protocolado na quarta-feira (30), o documento classifica a ação como uma resposta jurídica organizada frente ao que considera uma ofensiva estrangeira contra a soberania constitucional brasileira. A entidade denuncia interferências tanto do governo dos EUA quanto de grandes corporações de tecnologia, associadas à tentativa de enfraquecer leis nacionais.

Os juristas argumentam que o conjunto de medidas promovidas pelos Estados Unidos busca deslegitimar a legislação brasileira, utilizando como justificativa as sanções econômicas. A ABJD destaca que essas ações contam com a colaboração ativa de agentes públicos nacionais, com destaque para Eduardo Bolsonaro.

No pedido ao STF, a associação requer:

  • A reafirmação da soberania normativa, informacional, regulatória e fiscal do Brasil;
  • Obrigação para que plataformas digitais cumpram integralmente as leis nacionais;
  • Implementação de um regime de tributação progressiva sobre big techs;
  • Declaração de nulidade de sanções estrangeiras que interfiram na legislação brasileira;
  • Responsabilização civil de Eduardo Bolsonaro por eventuais danos causados ao país.

Segundo a peça, há provas e indícios de que o parlamentar participou de coação processual, obstrução de investigações e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. A atuação de Eduardo Bolsonaro seria parte de uma estratégia de retaliação às investigações que envolvem seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma organização criminosa voltada à ruptura institucional.

De acordo com o documento, Eduardo Bolsonaro tem se empenhado em convencer o governo dos EUA a impor sanções contra ministros do STF, integrantes da Polícia Federal e o procurador-geral da República, além de influenciar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Em resposta, Eduardo Bolsonaro declarou que sua atuação visou poupar o povo brasileiro e o setor produtivo, ao direcionar as medidas contra alvos específicos. Afirmou ainda que as sanções têm caráter político e jurídico, com o objetivo de preservar os valores democráticos.

A ação também critica o lobby das big techs, representadas pela Computer & Communications Industry Association (CCIA), que buscariam enfraquecer legislações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e projetos de regulação de inteligência artificial e soberania digital.

Para a ABJD, o tarifaço norte-americano seria uma forma de retaliação econômica disfarçada de ação comercial, com o intuito de intimidar a atuação soberana do Brasil na regulação do espaço digital. A entidade alerta para os impactos econômicos da medida em setores como agronegócio, siderurgia e indústria, com prejuízos bilionários ao PIB.

A jurista Tereza Mansi, da Executiva Nacional da ABJD, destacou: “Não aceitaremos que o Brasil seja tratado como colônia digital e econômica. Nossa ação exige que o STF reafirme que nenhuma sanção estrangeira, chantagem comercial ou lobby corporativo pode se sobrepor à Constituição e à vontade soberana do povo brasileiro”.

Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada.